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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Delegado conclui este mês inquérito sobre morte de professora

2010-01-14 12:00:00

Está perto a conclusão do inquérito policial que apura um dos crimes que mais abalou no ano passado a população da cidade de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.

A professora e artista plástica Gicela Maria Van Gyssel Muller, foi torturada e morta sem razão aparente e o marido dela, o engenheiro agrônomo Elói Brussamarello, seria o mandante do crime, como vai apontar o desfecho da investigação do delegado Clemir Vieira Júnior.

O resultado de uma quebra de sigilo telefônico, que corre em segredo de justiça, é um fator determinante na apuração do assassinato. Parte dessa perícia já está nas mãos do delegado.

O policial pediu a prisão do suspeito, mas o Tribunal de Justiça acatou um recurso do engenheiro que, embora já indiciado como envolvido na morte da mulher, vai permanecer em liberdade até o que o caso seja julgado, daqui uns dois, três ou mais anos.

Brussamarello caiu na investigação a partir do depoimento Paulo Ramos Corrêa, tido pela polícia como pistoleiro e assassino confesso da professora. O crime ocorreu no dia 12 de agosto do ano passado, perto do Dia dos Pais. Nesta data, Corrêa havia sido solto da prisão por meio de autorização judicial, o chamado indulto. Ele já cumpria pena desde 2006 por sequestro.

Preso dois meses depois, o pistoleiro confessou à polícia que havia matado a professora com a ajuda de um adolescente, também apreendido, e que o marido dela, o engenheiro havia oferecido a ele US$ 7 mil pelo crime. Ainda no dia do crime, Paulo Corrêa, segundo depoimento dado a polícia, teria conversado por telefone com o engenheiro.

Por conta dessa declaração, o delegado pediu a prisão do engenheiro, que fugiu da cidade e só retornou lá um mês depois, logo que soube do recurso judicial favorável a sua liberdade.
“Não digo que a quebra do sigilo telefônico seja imprescindível para a investigação, mas é muito importante”, disse o delegado, que deve concluir o inquérito ainda neste mês.

O policial disse que é comum na região de fronteira o uso de telefone por meio do conhecido “chip bomba”, aparelho celular normalmente roubado e usado por criminosos por um tempo, depois jogado fora.

O inquérito será entregue ao Poder Judiciário, depois encaminhado ao Ministério Público Estadual, que pode concordar ou não com a investigação do policial. No caso, o MPE pode denunciar o engenheiro e pediu a prisão dele outra vez. Ai, o juiz da cidade é quem decide a questão.

Vieira Júnior disse que pediu a quebra de sigilo telefônico de “várias” pessoas e que o conteúdo de algumas já estaria com ele. No entanto, ele nada quis adiantar nada por se tratar de investigação secreta.

O crime

A professora Gicela tinha ido a uma agência dos Correios, em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, cidade vizinha de Ponta Porã. Ali, por volta do meio dia a professora foi dominada por Paulo Ramos Corrêa e levada à força dentro de seu carro até um matagal distante da cidade.

De acordo com laudo pericial, a professora sofreu torturas até a morte: foi esfaqueada, esganada com um fio e ainda levou pauladas na cabeça.
Inocente

De acordo com as investigações, Gicela tinha a vida financeira estável e ia receber uma herança pela morte do pai, que morava no Rio Grande do Sul. Ela era casada em regime de separação de bens com o engenheiro havia 23 anos, com quem tinha um casal de filhos que hoje estuda em Campo Grande.

Numa entrevista publicada pelo jornal Regional, de Ponta Porã, o engenheiro disse ser pai de um garoto de três anos de idade que teve fora do casamento, mas isto não teria abalado a relação com a professora.

“Em um primeiro momento esse fato abalou nosso relacionamento conjugal, mas aos poucos Gicela foi entendendo”, disse o marido que teria ficado “entristecido” ao saber dos “boatos” indicando que a morte da professora teria ligação com uma amante sua.

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