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domingo, 10 de agosto de 2025

Amambai: Casos de AIDS e DST’s tem aumentado

2008-12-08 09:34:00

 Suzana Machado

Dia 1º de dezembro foi o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. Em Amambai existem 35 pacientes soro-positivos, ou seja, que convivem com o vírus HIV. Desses, cerca de 15 tomam o coquetel de remédios. Essa é a informação que nos passa Lilian Mara Basílio Schmeing, enfermeira coordenadora do Programa DST/AIDS/HIV no município. “Nossa referência é Ponta Porã. Aqui em Amambai fazemos o exame de HIV; logo que sai o resultado, se for positivo, nós pedimos uma segunda amostra; se o mesmo resultado se repetir, nós encaminhamos a pessoa para o SAE (Serviço Ambulatorial Especial) de Ponta Porã, onde o paciente começará um acompanhamento com assistente social, psicólogo e médica infectologista.”

Nem todos os soro- positivos necessitam tomar o coquetel de medicação. “Logo que a doença é diagnosticada o paciente realiza o exame de carga viral, que vai apontar a quantidade de vírus existente no organismo e é feito também o exame de CD4 e CD8, que demonstra a situação de defesa do corpo. Se o sistema de defesa estiver mais alto que a presença do vírus, geralmente a pessoa não precisará tomar os remédios; já se a situação for ao contrário, a médica responsável indicará o uso do coquetel para o paciente.”

A medicação e o atendimento destinado aos pacientes são todos feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “A contrapartida do município é com relação ao transporte dos pacientes todo mês até Ponta Porã e quando a médica pede algum exame ou medicamento diferenciado, que não é oferecido pelo SUS, o município faz a liberação dessa demanda. Então o paciente nunca fica sem o atendimento preciso.”

De acordo com Lilian, a idade e o perfil das pessoas portadoras do HIV variam muito. “Não tem como dizer que a maioria são mulheres ou homens, de mais idade ou menos. Temos, por exemplo, o caso de uma adolescente de 12 anos que tem o vírus e um casal de idosos, com mais de 60 anos de idade, que já convivem com o HIV há mais de dez anos. E nesse caso a senhora foi contaminada através de transfusão durante uma cirurgia, onde o sangue estava contaminado com o HIV e acabou transmitindo a doença para o marido. Atualmente o cuidado com relação à transfusão de sangue é bem diferente do que há dez, quinze anos, onde as pessoas não se atentavam tanto para o perigo de transmissão da AIDS.”

O HIV pode ser transmitido através das relações sexuais sem preservativo, transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas ou objetos cortantes que possuam resíduos de sangue e pela transmissão vertical (da mãe para o bebê). “O HIV já está incluso nos exames que integram a triagem feita no pré-natal de todas as gestantes. Caso a mãe seja soro-positivo, é receitado o AZT, que é uma medicação, e ela terá o acompanhamento normal durante toda a gestação. O ideal é que nesses casos o parto não seja normal e sim feito através da cesárea – onde a mãe toma o AZT injetável uma hora antes da cirurgia, para diminuir o risco de contaminação do bebê.”

Durante as seis primeiras semanas de vida, o bebê toma uma medicação. “Das sete gestantes soro-positivos que tivemos, em nenhuma o vírus foi transmitido à criança. A mãe não pode amamentar o filho, porque a transmissão pode se dar através do leite materno, também.”

Segundo Lilian, na maioria dos casos do município, o contágio se deu através de relação sexual sem preservativo. “Não temos casos, por exemplo, da transmissão do vírus entre usuários de drogas injetáveis. Grande parte é conseqüência da falta de cuidado durante as relações sexuais.”

Para Lilian, a falta de conscientização da população sobre a importância do uso da camisinha durante a relação sexual é um dos fatores que contribuem para que mais casos de soro-positivos surjam no município. “É um método tão simples e necessário, mas que as pessoas não cultivam e não tomam como hábito. Alguns usam o preservativo uma ou duas vezes e depois esquecem ou não gostam, enfim. E é em uma situação dessas que o vírus pode ser transmitido.”

Lilian atenta que toda pessoa que tem vida sexual ativa deve fazer o exame de HIV pelo menos uma vez por ano. Além de não ter sintomas definidos, o HIV pode permanecer no organismo até cinco anos sem se manifestar, diferente de outras DST’s (Doenças Sexualmente Transmissíveis); é a chamada ‘janela imunológica’; daí a importância de se fazer o exame periodicamente.” O que algumas pessoas não sabem é que elas podem ter o vírus HIV e não terem a AIDS. A AIDS já é quando o vírus começa a se manifestar e, como ele ataca o sistema imunológico deixando o organismo sem defesa, começam a surgir as ‘infecções oportunistas’, que podem ser desde uma gripe até doenças mais fortes, como a pneumonia, entre outras, que podem levar à morte.”

Mesmo sem sintomas definidos, algumas doenças podem ajudar a detectar a presença do HIV no organismo. “Uma gripe que dura semanas, diarréia constante, a presença da Herpes-zóster – popularmente chamado de cobrão ou cobreiro – e principalmente a Candidíase oral, podem ser sinais de que a pessoa esteja com o vírus.”

O exame – Para realizar o exame basta procurar o Laboratório Central, munido de documento de identificação. O resultado é extremamente sigiloso, por isso as pessoas não precisam ter receio, porque as mesmas não serão expostas de nenhuma maneira. “Quando o resultado é negativo, o exame fica no laboratório mesmo e a pessoa retira. Já quando no resultado fica confirmado que a pessoa é soro-positivo, o Laboratório manda o exame para mim e eu vou pessoalmente até a residência da pessoa dar a informação”, ressalta Lilian.

De acordo com a enfermeira, as pessoas costumam compartilhar a informação somente com quem têm muita confiança. “Infelizmente o preconceito é muito forte e isso leva as pessoas a terem um cuidado redobrado na hora de escolher para quem devem e podem dizer que são soro-positivos. Em Amambai existem pessoas que convivem com o vírus há mais de 15 anos e levam uma vida normal.”

Palestras são sempre realizadas nas escolas para orientação dos alunos. “É importante frisar a realização de exames periódicos, que podem detectar o vírus mais cedo, possibilitando já o tratamento e ressaltar que as pessoas tomem mais cuidado, usem a camisinha durante a relação sexual, tomem as precauções necessárias, evitando, assim, não somente o HIV/AIDS, mas também outras doenças sexualmente transmissíveis, para que a transmissão do vírus diminua ao invés de aumentar, como temos notado no município.”

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