2008-11-12 12:49:00
Depois de um consumidor apresentar garrafa de Coca-Cola com uma embalagem de remédio, a Decon (Delegacia do Consumidor) passou a receber uma enxurrada de denúncias contra a fábrica que produz o refrigerante em Mato Grosso do Sul. Agora a dona de uma padaria de Campo Grande apresenta uma garrafa de Fanta, com insetos e larvas.
O vasilhame de vidro, de 310 mls, foi comprado há um mês. Quando a comerciante (que não quer ser identificada) percebeu as más condições, procurou a fábrica, na saída para São Paulo. “Eles me ofereceram um monte de brindes em troca. Achei errado isso, porque pode prejudicar a saúde das pessoas”, diz.
Após ver reportagem sobre o remédio na Coca-Cola, publicada pelo Campo Grande News, a mulher diz que ganhou força para procurar a Polícia.
Na delegacia, antes de registrar o boletim de ocorrência, a dona da padaria foi alertada pelo delegado Adriano Garcia, que denúncia falsa é crime, com reclusão prevista de 2 a 8 anos.
Mesmo assim, a mulher confirmou o caso e recebeu apoio do policial. “É uma pessoa íntegra, e a garrafa está intacta, não existe qualquer sinal de rompimento do lacre”, comentou Adriano.
No caso da Coca-Cola, o padeiro Erenildo Ludgero Silva, de 29 anos, comprou 1 litro de refrigerante em uma conveniência do bairro Guanandi e levou para casa um pacote de remédio, dentro da garrafa.
A perícia ainda não foi feita, a Femsa, fabricante dos dois refrigerantes, será procurada para ser convidada a acompanhar o processo.
Suspeita – Antes do resultado, o delegado arrisca um palpite, especialmente porque nos dois casos os vasilhames são de vidro e por isso, reutilizados. Ele acha que, no caso da Coca, o pacote de remédio pode ter ficado dentro da garrafa pela incapacidade do sistema de higienização da fábrica em retirar resíduos colocados antes da introdução do líquido.
Na opinião dele, o consumidor que comprou o produto anteriormente pode ter jogado o envelope dentro do vasilhame, como lixo. Ao retornar à fábrica, a garrafa passou por vários processos de limpeza com água e jatos de ar, que podem não ter sido capazes de retirar o resíduo, explica. “Depois disso a garrafa pode ter seguido para envasamento e redistribuída ao mercado com a embalagem”.
Falsidade – Na Decon, não é novidade a entrega de produtos com corpos estranhos. Já chegaram latas de milho, ervilha, mas todas já estavam abertas. “O que prejudica alguma providência”, argumenta o delegado.
Já aconteceu também de um consumidor virar réu, após ser desmascarado por tentar forjar um problema, colocando um caco de vidro dentro de uma garrafa de refrigerante, conta Adriano.
Ontem, em nota enviada à imprensa, a Femsa detalhou o processo de produção, dizendo que possui uma equipe altamente treinada para a inspeção visual de todas as embalagens assim que as mesmas chegam à fábrica da empresa. “Após esta inspeção, as embalagens passam por um processo de lavagem e higienização com jatos de água de alta pressão e, em seguida, envasadas e fechadas mecanicamente”, explica.
A empresa levantou suspeita sobre o objeto encontrado na Coca-Cola, argumentando que a sala de envase, onde o produto é colocado nas garrafas, é provida de "cortinas de ar" em todos os pontos de contato com a área externa, evitando entrada de qualquer corpo estranho como insetos, "além de um sistema de pressão positiva, que filtra o ar na área interna e equilibra a temperatura do ambiente.”
Sobre a Fanta, a fábrica ainda não falou sobre o problema.