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domingo, 5 de outubro de 2025

Editorial “Demarcação” por Clesio Ribeiro

2008-08-26 09:54:00


Como era pré-anunciado, o clima está ficando muito tenso por causa da demarcação de terras indígenas. No último sábado, um relator da ONU (Organização das Nações Unidas) esteve em Dourados, onde ouviu lideranças indígenas sobre o problema. Produtores rurais fizeram pressão sobre o relator e também foram ouvidos. Em Amambai, por conta de divergências entre lideranças, o clima está tenso também dentro da Aldeia Amambai. O clima de “guerra” entre os a favor e os contra essa demarcação está instaurado. E a sociedade não pode ficar alheia a tudo isso.

O relator especial da ONU, James Anaya, que esteve em Dourados, é um indígena norte-americano. Ele está no Brasil para observar o processo de demarcação de terras – como se conhecesse toda a situação da região. Em Dourados, o relator só ouviria as lideranças indígenas, mas teve que ouvir os fazendeiros, depois de muita pressão dos ruralistas. Os estudos antropológicos visam legitimar a demarcação, portanto a resistência dos ruralistas e da sociedade contrária à questão é que irá se contrapor.

Na aldeia Amambai o clima ficou bastante tenso depois que um dos capitães da Aldeia, que tem dois capitães, declarou que a comunidade indígena, em sua grande maioria, seria contra a forma que está sendo proposta a demarcação de terras. O capitão, inclusive, teria declarado que o que o índio necessita é de assistência e não apenas de mais terras. Foi o estopim para um conflito de interesses internos dentro da aldeia.

Ontem pela manhã, a invasão de uma fazenda por indígenas no município de Miranda deu sinais de que a situação pode ir além da luta jurídica pela terra e passar a uma situação de insegurança e medo em toda a região. Cerca de 80 índios da tribo Terena invadiram uma  fazenda do ex-governador Pedro Pedrossian. E há indícios de invasões de propriedades rurais também na nossa região, conforme matéria veiculada pelo Jornal A Gazeta há alguns dias.

O clima é de muita apreensão e, conforme o processo vai sendo agilizado com as visitas dos antropólogos e reuniões de ONGs e indígenas, os fazendeiros também se mobilizam. A Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul) alerta para o risco inclusive de “derramamento de sangue”. Os produtores rurais não ficarão desguarnecidos esperando que suas terras sejam invadidas e subtraídas. O confronto será inevitável e está previsto.

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