2008-08-12 08:44:00
Suzana Machado
A observação parte da Associação Comercial e Empresarial de Amambai (ACIA), que está sempre trazendo cursos de capacitação para o município e, no entanto, não percebe um interesse maior por parte da população.
De acordo com Vera Ellyne Antunes, gerente da ACIA, o problema não é a falta de emprego na cidade, mas o déficit de pessoas qualificadas, que atendam às características buscadas pelas empresas. “Recebemos vários currículos aqui na Associação, mas a maioria, infelizmente, acaba sendo nulo porque não possuem o mínimo exigido pelo mercado de trabalho. Os empresários ligam, às vezes, pedindo que indiquemos alguém e encontramos essa dificuldade de encaminhamento devido à falta de qualificação.”
Segundo Vera, uma pessoa de outro município, em visita a Amambai, foi até a Associação reclamar do mau atendimento que teve nos estabelecimentos em que havia chegado. “Ele veio até a ACIA para perguntar o que nós estávamos fazendo para resolver essa questão, porque ele tinha chegado em quatro lugares e em todos teria sido mal atendido.”
“Agora mesmo estamos com um curso de Atendimento ao Cliente, através do programa ‘Sebrae por perto’, onde o Sebrae custeia 70% do valor do curso, reduzindo muito o valor para os interessados em participar, tornando-o bem acessível financeiramente”, acrescenta Vera. Porém, alguns empresários acham desnecessário tal qualificação e ainda há casos onde os patrões pagam o curso, mas há falta de interesse por parte do empregado, que acaba não o fazendo.
“Ficamos até um pouco decepcionados com o interesse das pessoas, porque quando trazemos esses cursos somente uma minoria participa; poucos têm interesse”, ressalta Vera, afirmando ainda que a Associação tem a intenção de trazer o Sistema S (Sebrae, Senar, Senac, Sesi, Sesc) para o município, mas que precisaria da colaboração maior das pessoas para que isso acontecesse. “Se a pessoa tiver uma qualificação, com certeza conseguirá emprego.”
Para Vera, a questão cultural influencia muito no comportamento da maioria das pessoas com relação a esse assunto. “Acredito que seja até uma questão cultural que acaba causando esse comodismo. A pessoa acha que porque está há dois anos ou mais em uma empresa, ela não precisa se reciclar, aprender coisas novas, ela acha que daquele jeito está bom.”
Algumas empresas já mudaram com relação a essa questão, mas muitas ainda preferem continuar com seu próprio sistema de atendimento. “Uma diferença que se nota é com relação às empresas que vieram de fora, que investem mais em capacitação, em propaganda, tem uma outra cultura, outra visão. Elas acabam influenciando outros empresários; querendo ou não, o modo como elas trabalham ajuda a movimentar o comércio. Em Amambai existem empresas que têm treinamento interno; assim que a pessoa é contratada ela passa por um período de capacitação”, ressalta Vera.
Não adianta uma loja investir em promoções, formas de pagamento acessíveis, se o cliente não se sentir à vontade e bem recebido para realizar suas compras. “O cliente é muito exigente e percebe, com certeza, quando está sendo mal atendido. Muitas vezes nem os patrões se atentam para este fato”, diz Vera.
Atender bem às pessoas não se resume somente aos estabelecimentos comerciais; locais como hospitais e consultórios médicos geralmente são alvo de reclamações por parte dos pacientes. “Não é somente o comércio que precisa se preocupar em qualificar seus funcionários; as pessoas que atendem em hospitais e consultórios médicos, por exemplo, também precisam ter noções de como atender a população devidamente.”
“Nós, da ACIA, acreditamos e esperamos que as pessoas participem e se preocupem mais com a sua qualificação, se preocupem em crescer, tanto como profissionais, quanto como pessoas, também. O que está ao nosso alcance nós estamos fazendo, trazendo sempre cursos, mas precisamos que a população se interesse mais e participe. A qualificação da mão-de-obra só tende a colaborar com o desenvolvimento das empresas e do município de uma maneira em geral.”
