2008-08-06 09:07:00
Vilson Nascimento
Um ato político promovido pela coligação “É hora de voltar a Crescer”, que tem como candidatos Dirceu Lanzarini (a prefeito) e José Aguiar (vice) nas eleições municipais 2008 em Amambai, reuniu produtores rurais e representantes de classes para discutir as ameaças de demarcações, por parte da Funai (Fundação Nacional do Índio), de terras em Amambai e na região.
O evento que aconteceu à noite nas dependências do Alphaville Clube, contou com a presença de um grande número de produtores rurais, dos presidentes do Sindicado Rural de Amambai, Christiano Bortolotto, da ACIA (Associação Comercial e Empresarial de Amambai), Rodrigo Selhorst e do próprio prefeito do município, Sérgio Barbosa, que apesar de ser candidato a reeleição por outra coligação, também acompanhou o ato político por conta do tema que vem preocupando toda a população da região de fronteira. Ele não fez uso da palavra.
Ao abrir a reunião, que apesar de política, não contou com materiais de publicidade de candidatos, os candidatos, Dirceu Lanzarini (PR) e José Aguiar (DEM) esclareceram que o ato, além de debater o tema, visava deixar clara a posição contrária dos candidatos da coligação a qual disputam o pleito eleitoral, em relação as portarias baixada em 10 de julho desse ano, autorizando a realização de estudos antropológicos em propriedades rurais de 26 municípios do Estado, incluindo Amambai.
Em seu pronunciamento o candidato a vice-prefeito pela coligação, José Aguiar, fez uma explanação geral sobre a questão em debate, ressaltando que, segundo números do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, as demarcações abrangeriam 12 milhões de hectares de terras produtivas ao longo de aproximadamente
“Estamos do lado do produtor”, diz Lanzarini
Ao fazer uso da palavra o candidato a prefeito de Amambai pela coligação “É hora de voltar a Crescer”, Dirceu Lanzarini, ressaltou que toda a economia do município de Amambai, indústrias e o comércio, estão ligados diretamente a agricultura e pecuária, que, segundo ele, movimentam a economia do município e toda a região.
“Quando estivemos à frente da Prefeitura chegamos a ser criticados por defender demais a classe dos produtores rurais do município, mas sabemos da importância dessa classe para Amambai. Toda nossa economia está fundamentada no agronegócio e vamos continuar defendendo de forma firma e convicta, o setor produtivo de nosso município”, disse Lanzarini ao ressaltar que a manifestação não é contra os indígenas, que segundo ele, não tem nada a var com essa movimentação, mas sim contra ONGs, antropólogos e a Funai que forçam movimentos dessa natureza.
Segundo Dirceu Lanzarini, do ato público seria extraído um manifesto para ser encaminhado aos deputados estaduais e federais, senadores e ao Governo Federal, pedindo a revogação das portarias, que segundo os membros da coligação partidária, já geraram insegurança e afetou a instabilidade de toda a região.
“Precisamos unir forças”, diz presidente do SR
Ao fazer uso da palavra o presidente do Sindicato Rural de Amambai, que essa semana esteve participando de um ato, também objetivando conter demarcações de terras
Segundo eles todos têm que unir forças para conter as ameaças e restabelecer a paz e a estabilidade econômica na região. “Hoje não tem como o produtor rural investir aqui na região por conta da insegurança. São oportunidades de empregos que estão deixando de ser geradas e sem perspectivas de investimentos, corre o risco dos empresários agrícolas começarem a demitir funcionários. Hoje ninguém quer investir em nossa região por conta da insegurança fundiária”, ressaltou o presidente.
Ao fazer uso da palavra o presidente da Associação Comercial, Rodrigo Selhorst, ressaltou a insegurança que o comércio e a classe empresarial de Amambai atravessa com a crise fundiária causada pelas portarias da Funai que autorizou a realização de estudos antropológicos no município e deixou claro a posição contrária do órgão, a tais ações.
“Nós da classe empresarial estamos extremamente preocupados com o futuro de Amambai e toda a região por conta dessa insegurança. Somos parceiros do Sindicato Rural nessa campanha para lutar pela revogação dessas portarias para que a paz econômica seja restabelecida na região”, finalizou Rodrigo.
Em seu pronunciamento o vereador Josmair Cardoso (PR) que já foi produtor rural e membro da diretoria do Sindicato Rural de Amambai, conclamou aos produtores rurais para “fecharem as porteiras” e impedir a entrada dos antropólogos em suas propriedades.
No mesmo tom, um produtor rural ressaltou que essa medida, de barrar a entrada de antropólogos para realizar estudos nas fazendas, deve ocorrer até mesmo se tiverem de posse de mandados judiciais determinando a entrada.
“Só autorizem a entrada se a pessoa que estiver com o mandado estiver acompanhada pela polícia, caso o contrário não devemos permitir tais entradas por não sabermos se o documento não é falsificado”, disse o produtor, atitude que deixa claro a insegurança e a desconfiança que a classe produtora da região tem em relação ao trabalho a ser realizado pelos antropólogos designados pela Funai na região.
Segundo as informações, os estudos antropológicos nos 26 municípios estão previstos para iniciar no dia 10 deste mês, domingo que vem. Preocupada com a segurança dos integrantes dos grupos de trabalho, por conta do clima tenso, a Fundação Nacional do Índio pediu segurança policial aos membros da equipe.