2008-08-04 22:07:00
Vilson Nascimento
Com um discurso em tom de indignação, o presidente da Câmara de Amambai, vereador Anderson Mansano (PR) conclamou a população do município a expulsar de Amambai, os antropólogos da Funai (Fundação Nacional do Índio), responsáveis pelos estudos para demarcação de terras indígenas no município.
“Se não conseguimos pelos meios políticos, temos que unir forças como homens e agir para que essa aberração, que é a realização desses estudos e dessas demarcações não venham a ocorrer em nosso município e impedir que esses laudos forjados que atendem interesses de ONGs internacionais que querem desestruturar nosso País não sejam realizados. Os próprios índios, com exceção a uma minoria manipulados pela Funai, todos são contrários a esses estudos e a essa demarcação. Eles querem é que dêem condições para que eles consigam trabalhar em suas áreas já disponíveis que hoje não produzem nada por falta de assistência e apoio da própria da Funai ”, disse Mansano ao ressaltar que tem mantido contatos com várias lideranças indígenas de aldeias de Amambai e todas são unânimes em repudiar a iniciativa do Governo Federal, através da Funai, que autorizou a realização dos estudos.
“Lula deveria ser preso”, diz Mansano- Durante seu pronunciamento na tribuna, na noite dessa segunda-feira (4) no retorno aos trabalhos legislativos em Amambai, após o recesso, o presidente da Câmara disse que “o Presidente Lula deveria ser preso”, segundo ele, por ignorar a Constituição Federal e o direito a propriedade ao assinar as portarias autorizando a Funai a realizar os estudos antropológicos para demarcações de terras indígenas em 26 municípios da região,
“Essa atitude irresponsável já desestabilizou a vida de milhares de pessoas em toda a região e vai forçar um inevitável e sangrento confronto entre índios e não índios por conta das invasões de terra em toda a região. Se o Governo Federal quer ampliar, de forma desnecessária, as áreas indígenas, que adquira terras pelos meios legais e respeitando a legislação e os direitos dos cidadãos do País”, finalizou o presidente da casa de leis.
Clima é extremamente tenso na região- O clima nos 26 municípios de Mato Grosso do Sul afetados pelas portarias da Funai, Dourados, Douradina, Amambai, Aral Moreira, Caarapó, Laguna Carapã, Ponta Porã, Juti, Iguatemi, Coronel Sapucaia, Antônio João, Fátima do Sul, Vicentina, Naviraí, Tacuru, Rio Brillhante, Maracaju, Mundo Novo, Sete Quedas, Paranhos, Japorã, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Bonito e Jardim é de extrema tenção desde que o documento foi assinado pelo Governo Federal autorizando os estudos.
Produtores rurais e a sociedade civil realizaram diversas reuniões e abaixo assinados visando conscientizar o Governo Federal sobre o impacto negativo que a medida causaria a região, mas até o momento o impasse continua.
O Governo de Mato Grosso do Sul também se manifestou contrário a iniciativa do Governo Federal levando em conta, segundo o Governo, que um terço do estado, exatamente o setor mais produtivo, seria atingido em cheio com as demarcações de terras.
Primeiro impasse- Nesse domingo (3) foi registrado o primeiro de muitos impasses que devem surgir nos próximos meses entre a população da região e as equipes de trabalho da Funai na região, quando uma caminhonete do órgão federal, com dois dos antropólogos responsáveis pelos estudos na região, teria sido perseguida por um veículo Fiat Uno na rodovia MS-295, na região de Tacuru.
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil em Tacuru e nessa segunda-feira, a Funai entrou com um pedido de proteção policial para as equipes de trabalho, junto a Polícia Federal em Naviraí.