2008-08-03 22:16:00
Foi o Estado quem contrariou os direitos indígenas ao incentivar que produtores rurais ocupassem áreas ocupadas por comunidades tradicionais. A avaliação é do procurador da República de Dourados Marco Antônio Delfino de Almeida em entrevista à Agência Brasil.
Conforme o procurador, em especial no século 20, as políticas adotadas pelos governos federal e estadual contribuíram para o atual confinamento de indígenas em Mato Grosso do Sul. “Houve uma atuação do Estado contrária aos direitos dos indígenas. O Estado foi usado para a confinação dos índios”, afirmou.
O procurador comparou as políticas a um genocídio aos habitantes da região. “O Brasil promoveu fatos parecidos com o que ocorreram na Sérvia, Ruanda e Sudão – que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Não foram extermínios, estupros, mas um deslocamento de uma população inteira”, complementou o procurador.
Se de um lado estão indígenas que reivindicam o que lhes foi expurgado, de outro estão produtores que compraram as terras de boa-fé. "Tem muita gente que chegou aqui e investiu tudo o que tinha. Agora, vamos ter que entregar tudo?", afirmou o produtor rural, Erny da Silva Agostini, 28 anos, tesoureiro do Sindicato dos Produtores Rurais de Amambai, cidade a 346 quilômetros de Campo Grande.