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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Antropólogos dizem ser perseguidos em Tacuru

2008-08-03 22:51:00

A Funai pode requisitar nessa segunda-feira proteção da Polícia Federal para as equipes responsáveis por vistorias para delimitação de terras guarani-kaiowá em Mato Grosso do Sul.

A necessidade de reforçar a segurança surgiu após um incidente neste domingo, em uma estrada na região de Tacuru.
Dois antropólogos e um motorista da Funai dizem ter sido seguidos, colocados em risco e fotografados por dois homens.

Segundo boletim de ocorrência, divulgado pela Policia Civil de Tacuru, o carro foi perseguido na MS-295, por volta das 9 horas deste domingo.

No veículo da Funai, estavam os antropólogos Paulo Sérgio Delgado e Ruth Henrique da Silva, além do motorista Eurípedes Miguel da Silva.

Essa equipe é responsável pelas vistorias para demarcações em Dourados, Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas e Paranhos.

Quando transitavam pela rodovia, os antropólogos disseram à polícia que perceberam um Fiat Uno (com placa de Guaíra – PR) os seguia. Aumentaram a velocidade, mas continuaram a ser “perseguidos a 160 km por hora”, relataram. 

Os três pararam então em um posto, onde encontraram uma equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e solicitaram ajuda.

Os policiais abordaram o Fiat Uno e aprenderam com os ocupantes uma câmera digital e dois telefones celulares.
Angenor Rejeneski, 37 anos, foi reconhecido como o motorista e Adriano Alípio da Cruz, de 27 anos, como a pessoa que fotografava o grupo da Funai.  O DOF informou que a ocorrência ainda não foi concluída, e negou repassar mais detalhes sobre o fato.

A equipe de antropólogos acusou a dupla de fazer as fotos para identificar os profissionais responsáveis pelas vistorias, que até então trabalham tentando preservar o sigilo para evitar ameaças diretas ou intimidações de pessoas contrárias a demarcação.

Reação – No sábado o governador André Pucinelli orientou fazendeiros e sindicatos rurais a registrarem com fotos e vídeos toda ação dos antropólogos.

No final de semana, em festa de comemoração a retomada do status de área livre de aftosa com vacinação, o governador convocou os produtores rurais reagirem contra a demarcação das terras indígenas.

Em um discurso, Puccinelli disse que irá municiar os sindicatos e produtores rurais contra as vistorias e orientou fazendeiros a apenas autorizar a entrada de quem tiver mandado judicial. 

O governador também contesta dados da Funai de que no Estado existam atualmente cerca  de 40 mil índios. Segundo o governador, um levantamento encomendado por ele aponta apenas 25 mil índios guarani-kaiowá vivendo em Mato Grosso do Sul.

Os demais seriam índios paraguaios “oportunistas”.Puccinelli promete repassar as informações aos sindicatos e produtores ainda nessa semana.

Segundo dados da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), no Estado são 43 mil gaurani-kaiowá. O número é atualizado constantemente porque serve de base para políticas federais de atendimento aos índios.

Só com ordem – Ainda sobre as estratégias contra as demarcações, André orientou que os produtores não permitam a entrada de pessoas “estranhas” em suas propriedades, se referindo aos antropólogos.  “A não ser que esteja com determinação judicial”, reforçou.  

Aos sindicatos rurais a orientação de André foi que sejam formadas comissões para acompanhar as demarcações. “Formem comissões como pessoas calmas, ponderadas e firmes”.
André convocou ainda senadores e a bancada de deputados federais do Estado para se unirem como houve na certificação área livre de febre aftosa. 

Na opinião do governador há controvérsia sobre a questão indígena no Estado. Ele afirma que 3 mil índios kadiwéus vivem em uma área de 500 mil hectares, enquanto 10 mil índios da aldeia Bororó em Dourados vivem em apenas 3 mil hectares.

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