2008-07-29 15:17:00
O salto da produção de feijão na colheita de meio de ano não foi suficiente para derrubar o preço. Os preços pagos ao produtor já estão significativamente mais baixos em relação ao valor do primeiro trimestre de 2008, movimento que não reflete na prateleira do supermercado. A expectativa do mercado, no entanto, é que os preços recuem nos próximos meses.
Segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), os preços ao consumidor devem cair, desde que as previsões da produção agrícola se confirmem. "Nós estamos vendendo a saca com preço de cerca de R$ 150, que pode chegar ao consumidor por R$ 2,50 o quilo, mas está chegando por R$ 5", afirma Derci Cenci, que planta feijão numa área de 600 hectares no Distrito Federal.
A produção da chamada segunda safra de feijão cresceu 38,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A colheita ficou 380 mil toneladas acima da de 2007. Mas, de acordo com IPCA (Indice de Preços ao Consumidor Amplo-15) da FGV (Fundação Getulio Vargas), o preço do feijão carioca, o mais consumido no país, subiu 14,46% em junho, após três meses seguidos de queda. De 16 de junho a 15 de julho, o feijão subiu 15,45%, segundo a pesquisa.
Para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o aumento em junho foi motivado por uma série de fatores, entre eles, o aumento do consumo. "Atribuo o consumo mais aquecido ao ganho real do salário mínimo, aos programas sociais e à mudança de pessoas da classe E para a classe C e D", diz João Ruas, analista de mercado da Conab.
A pressão sobre os preços, de acordo com especialistas ouvidos pela TV Brasil, também é motivada pela compra antecipada da colheita por operadores de mercado, que se aproveitam do preço em alta para reforçar os lucros.