2008-07-22 13:06:00
A suspensão de abates em Mato Grosso do Sul afeta agora os trabalhadores de frigoríficos e distribuidoras de carne.
Hoje pela manhã, a River Alimentos demitiu 120 funcionários, enquanto outras duas distribuidoras, a Zacarias e a Comarella, optaram por férias coletivas.
Em Três Lagoas, o Frigorífico Margen também dispensou hoje 180 empregados, encerrando as atividades no município.
O abate das matrizes há quatro anos, usado como medida para suprir o mercado após a crise da aftosa. Provocou hoje falta de carne para atender os mercados consumidores.
No Brasil, grandes produtores e frigoríficos deram prioridade ao mercado externo, e mantiveram índices positivos de exportação.
Já no mercado interno, os reflexos foram no aumento no preço da carne para o consumidor. A falta de abate para o mercado interno afetou diretamente as distribuidoras, responsáveis pelo fornecimento do produto a açougues e grandes varejistas (redes de supermercados).
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Campo Grande, Rinaldo de Souza Salomão, os trabalhadores estão apreensivos com esse quadro crítico que se apresenta no Estado.
No final de junho, a associação pediu intervenção dos governos federal e estadual para evitar que os frigoríficos suspendessem os abates e dessem férias coletivas em Mato Grosso do Sul.
A principal justificativa era o a tendência de aumento do o preço da carne ao consumidor, devido a atitude dos empresários.
Desnecessário – Para Rinaldo essa situação é desnecessária pois não passa de uma estratégia dos pecuaristas de conseguirem maiores preços pela arroba da carne. “Tanto é verdade que as exportações estão sendo cumpridas religiosamente”, afirma.
Rinaldo Salomão disse também que apenas “uma meia dúzia” de frigoríficos de Mato Grosso do Sul centraliza as exportações e, consequentemente, estão em melhores condições que aqueles, pequenos e médios, responsáveis pelo abastecimento interno.
“Os pequenos são obrigados a pagar caro pela arroba, numa competição com os grandes frigoríficos que compram para mandar para fora do País. Este é mais um motivo pelo qual o governo deveria descruzar os braços e intervir”, critica.
Esta semana, os trabalhadores em indústrias alimentícias criou a Assocarne (Associação dos Matadouros Frigoríficos e Distribuidoras de Carne de Mato Grosso do Sul), com o propósito de lutar pelos pequenos.