2007-06-18 14:34:37
O governo federal gasta pelo menos R$ 6,3 milhões por ano com córneas sabidamente inviáveis, que vão parar no lixo –não servirão para transplante pois já não tinham qualidade na hora da coleta ou a inviabilidade foi descoberta depois, com exames. A situação ocorre por causa de uma brecha na lei, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira na Folha.
Uma resolução nacional criou regras para o transplante de córneas –proibindo o uso de tecidos de mortos por Aids, hepatite e infecção generalizada, por exemplo– mas deixou de estabelecer os mesmos critérios para a retirada do olho. Com isso, toda córnea pode ser coletada.
O governo gasta R$ 1.400 pelo par delas, em média. Em alguns bancos de olhos, o índice de descarte chega a 70%.
O Ministério Público de São Paulo investiga os pagamentos a partir de uma acusação do Coren (Conselho Regional de Enfermagem).
O coordenador-geral do Sistema Nacional de Transplantes, Roberto Schlindwein, diz que não há indícios de que haja "má-fé" na coleta de córneas pelos bancos de olhos e tampouco desperdício de dinheiro público.