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domingo, 13 de julho de 2025

Gautama bancava até garotas de programa

2007-06-02 10:42:00

Garotas de programa, passagens aéreas e até cirurgia. Depoimentos prestados à ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon, responsável pelo inquérito da Operação Navalha, confirmam que a construtora Gautama gostava de agradar agentes públicos com os mais variados mimos. Na lista de presentes, há também perfumes, para as mulheres, e gravatas, para os homens.

Frente a frente com a ministra, o gerente da Gautama Gil Jacó de Carvalho Santos revelou que foi acionado para providenciar garotas de programas em Salvador no dia 20 de abril, dia do casamento de Rodolpho Veras, filho do dono da construtora de Zuleido Veras. “O subsecretário e o secretário pediram para o dr. Zuleido arrumar umas meninas de programa”, declarou Gil Jacó, no depoimento ao STJ. As autoridades a quem Gil se refere são Adeilson Teixeira Bezerra, então secretário de Infra-Estrutura de Alagoas, e Denisson de Luna, subsecretário de Infra-Estrutura, presos durante a Operação Navalha, suspeitos de receber propina para liberar pagamentos à Gautama.

Gil Jacó assegurou, no depoimento, que a construtora não pagou pelo serviço das meninas, mas que acionou o próprio irmão para providenciar “três loiras”. Contudo, numa conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal, Gil Jacó manda dizer para as garotas se dirigirem ao hotel onde estão hospedados os secretários de Alagoas que “daqui a pouco ele (Gil) arranja o cheque”. O funcionário da Gautama chegou a fixar um valor máximo para cada garota: R$ 300. Em outro diálogo, Gil avisa que o motorista de Zuleido está levando o cheque. E adverte que “o cara” (o secretário Adeilson) não pode ser mal atendido, “pois vai mandar à Gautama R$ 5 milhões na próxima semana…”, de acordo com o relatório da PF. Adeilson Bezerra é acusado pela PF de receber propina de R$ 145 mil para liberar pagamento à Gautama por obras não realizadas no projeto Pratagy (AL).

Prefeito


A Gautama também pagava passagem aérea para os mais próximos. Durante o depoimento no STJ, a secetária Tereza Lima revelou que Zuleido Veras lhe pediu para comprar uma passagem aérea para Enéas Alencrastro, então representante do governo de Alagoas em Brasília. A secretária confirmou também que comprou passagens e reservou hotéis para o empresário baiano Zaqueu de Oliveira Filho e todas as outras pessoas indicadas por ele. Na lista de indicações, estava um ex-prefeito do interior baiano.

Até cirurgia a Gautama cogitou pagar. O diretor da Gautama no Maranhão, Vicente Vasconcelos Coni, esclareceu no depoimento à ministra do STJ que foi aventada a possibilidade de a empresa pagar uma operação para José de Ribamar Hortegal. Ele é fiscal de obras da Secretaria de Infra-Estrutura do estado e, de acordo com Coni, passava por dificuldades financeiras. A cirurgia só não foi paga porque, de acordo com Vicente, a construtora não quis. Em depoimento, Hortegal afirmou que gastou R$ 3,8 mil do próprio bolso para bancar as despesas com o hospital.


Fernanda Odilla e Sandro Lima
Do Correio Braziliense

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