2007-05-28 10:13:00
Vilson Nascimento
Está sendo aguardada para essa quarta-feira, 30, a decisão final da presidência da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Brasília sobre a permanência ou não da Administração Regional da Funai em Amambai.
A AR foi transferida por um decreto da presidência da Fundação Nacional do Índio de Brasília de Amambai, onde estava instalada há mais de 20 anos, para Dourados. A decisão tomada em gabinete e sem consultar os povos indígenas da região gerou revolta nos mais de 25 mil índios guarani-kaiowá e guarani-ñhandeva divididos em 22 terras indígenas de em 12 municípios da faixa de fronteira entre Brasil e Paraguai que eram assistidos pela Administração Regional do órgão federal de Amambai.
Segundo os indígenas, além do desrespeito que o ato provocou em relação às comunidades indígenas atendidas pela regional que se quer foram informadas previamente sobre a decisão de transferir a AR, a retirada da Administração Regional da Funai de Amambai também vai agravar a questão social dos povos indígenas da faixa de fronteira, que já é considerado extremamente grave.
Na semana passada o indigenista Cláudio Romero, da Funai de Brasília esteve em Amambai reunido com as lideranças indígenas e representantes da classe política de Amambai que também defende a permanecia da Administração Regional em Amambai e na sexta-feira retornou a Brasília levando as reivindicações dos indígenas, da classe política e da sociedade civil organizada de Amambai que pede a permanência da Funai no município.
Cláudio Romero disse que a transferência da AR de Amambai para Dourados fez parte de um “pacote” de readequação das instalações da Funai em todo o Brasil visando prestar melhor atendimento aos povos indígenas, mas disse que para a região é de extrema importância a permanência da Administração Regional da Fundação Nacional do Índio em Amambai, município que por si só aglomera uma população estimada em 10 mil índios guarani-kaiowá, quase 30% da população total do município medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) que segundo o órgão gira em torno de 32 mil habitantes.
De acordo com Cláudio Romero ele teria uma audiência com o presidente da Funai Márcio Augusto de Meira nessa segunda-feira onde apresentaria um relatório defendendo a permanência da Administração Regional da Funai em Amambai e na quarta-feira retornaria a Amambai trazendo em mãos o resultado definitivo para o problema que se arrasta por cerca de 15 dias e está gerando tensão na região, já que, caso não sejam atendidas de forma diplomática como vem sendo realizados os contatos desde que o problema surgiu, as comunidades indígenas prometem realizar manifestações em toda a faixa de fronteira, entre elas, promover bloqueios por tempo indeterminado de rodovias que cortam terras indígenas em oito municípios da região.