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sexta-feira, 11 de julho de 2025

Cursos de medicina têm de respeitar regras; saiba quais

2007-05-27 07:31:00

Depois de passar pelo criterioso e altamente seletivo exame vestibular o estudante de medicina ingressa numa verdadeira maratona, que requer altas doses de esforço e dedicação. As aulas ocorrem em período integral, acrescidas de grande quantidade de trabalhos, pesquisas e lições de casa, sem contar os inevitáveis plantões que você terá de encarar antes e depois de formado. Por isso, vocação e dedicação são vitais.

E mais: é preciso preparar-se para uma vida inteira de aprendizado, pois o exercício da medicina envolve atualização permanente após a conclusão dos seis anos de estudo formal. As técnicas e condutas médicas mudam sempre, e para acompanhar essa evolução é preciso participar de cursos de especialização, congressos e outros eventos, além de ficar atento à literatura da área. Enfim, tenha em mente que você será sempre um estudante em desenvolvimento.

O currículo- Aprovada pelo Ministério da Educação e Cultura em 1996, a Lei de Diretrizes Básicas (LDB) deu mais autonomia às instituições de ensino superior na composição da carga horária dos cursos de graduação. No entanto, as escolas devem respeitar critérios estabelecidos pelo MEC para a formulação dos currículos.

Para o curso de medicina, o ministério prevê um conjunto de disciplinas que estimula a articulação entre o ensino formal, a pesquisa e a assistência à população. Por isso, como principais requisitos, o curso deve respeitar as seguintes regras:

– conter matérias focadas no aprendizado das necessidades da saúde mais freqüentes;

– utilizar metodologias que privilegiem a participação ativa do aluno na construção do conhecimento;

– o ensino deve ter dimensões éticas e humanísticas, estimulando o aluno a desenvolver valores e atitudes orientados pela cidadania;

– desde o início das aulas o estudante deve ser inserido em atividades práticas importantes para sua futura vida profissional;

– a proximidade com vários cenários de ensino-aprendizagem também é importante para que ele conheça e vivencie a profissão mais de perto e tenha contato com as mais variadas situações;

– a escola deve propiciar a interação ativa do aluno com pacientes e profissionais de saúde desde o início de sua formação, para que ele conheça e entenda os problemas reais e assuma responsabilidades crescentes como médico;

– por fim, as escolas de medicina devem vincular, por meio da integração ensino-serviço, a formação médico-acadêmica às necessidades sociais da saúde, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS).

O curso, na prática- Para os que já se imaginam salvando vidas assim que entram na faculdade, é bom ir com menos sede ao pote. De acordo com o currículo montado por grande parte das escolas de ensino superior do país, o atendimento efetivo ao paciente só ocorre no final do 5º ou 6º anos, quando os estudantes já atuam com um pouco mais de autonomia no hospital-escola.

O curso de medicina dura em média seis anos e desde o início é ministrado por meio de um currículo rigoroso e muito específico, com aproximadamente 70% de disciplinas obrigatórias e 30% optativas. Em boa parte das escolas a grade curricular se divide em três ciclos: o básico, que compreende o 1º e o 2º anos; o clínico, que engloba o 3º e o 4º anos; e o internato, entre o 5º e o 6º anos.

Assim como em outras instituições, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo o aluno estuda nos dois primeiros anos matérias básicas como anatomia, fisiologia e bioquímica, que servirão de apoio para o aprendizado subseqüente. Nas aulas de anatomia, os alunos conhecem a estrutura e os aspectos do corpo humano. As atividades ocorrem em sala de aula e nos laboratórios, onde acontecem as tão comentadas dissecações de partes de cadáveres. Durante as aulas o estudante põe literalmente a mão na massa, assistido e orientado pelos professores. O objetivo é que aprenda como funcionam os órgãos e os sistemas, como base para o seu desenvolvimento nas disciplinas clínicas e cirúrgicas que virão nos anos seguintes.

"Para mim, as aulas mais chocantes não são as de anatomia, mas as de patologia, nas quais acontecem as autópsias. Enquanto um grupo acompanha o processo no laboratório da faculdade, com um cadáver de uma pessoa que morreu no dia anterior, todos os outros alunos assistem a tudo num telão na sala de aula", conta Cinthya Taniguchi, aluna do 3º ano da Faculdade de Medicina da USP, representante dos estudantes na graduação e membro da diretoria do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz. Nas aulas de fisiologia, os alunos descobrem como funcionam os sistemas do organismo, em aulas teóricas e práticas, em classe e nos laboratórios. As aulas de bioquímica, que complementam o primeiro ciclo do curso de medicina, tratam das características e propriedades das células, dos processos metabólicos e de como estes estão relacionados às doenças.

Nessa fase, as atividades também são desenvolvidas em sala de aula e nos laboratórios da escola.



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