2007-05-22 05:36:00
A EMI, número três mundial da indústria fonográfica e responsável pela comercialização das músicas dos Beatles, de Robbie Williams e Coldplay, aceitou nesta segunda-feira (21) uma oferta de compra do fundo de investimentos Terra Firma por 3,6 bilhões de euros (aproximadamente US$ 4,8 bilhões), em vez da insegurança jurídica de uma aliança com a americana Warner.
A Terra Firma aceita também assumir a dívida da EMI, uma operação que lhe custará no total 3,2 bilhões de libras (quase 4,8 bilhões de euros ou US$ 6,4 bilhões).
A EMI considerou a oferta a 265 pence por ação da Terra Firma "justa e razoável".
O grupo, que anunciou antecipadamente nesta segunda-feira, pouco antes do pronunciamento da Terra Firma, um forte prejuízo de 277,1 milhões de libras em 2006 e um recuo de 15% de seu faturamento, luta para se manter diante da concorrência da música on-line. Seu diretor-geral Eric Nicoli anunciou nesta segunda-feira "um ano difícil". Em janeiro, apresentou um plano de reestruturação, incluindo demissões, entre elas a do francês, Alain Levy, chefe do departamento de música.
Namoro com a WarnerEm abril, a EMI parecia ter preferido acompanhar a expansão do digital, sendo a primeira das grandes gravadoras a assinar um acordo com a Apple e seu site iTunes, colocando todo seu catálogo, exceto as músicas dos Beatles, à disposição do público sem sistema anticópia.
Paralelamente, as dificuldades não impediram a gravadora de continuar sendo cobiçada, pela americana Warner e, mais recentemente, por fundos de investimentos. A Terra Firma, do empresário Guy Hands, após ter fracassado na tentativa de comprar o grupo farmacêutico Alliance Boots, mas que assumiu o terceiro lugar no mundo do leasing aéreo, comprando este mês o americano Pegasus, não estava entre os favoritos.
A EMI indicou que sua oferta era, no entanto, "a mais atraente" de todas. O presidente da empresa, John Gildersleeve, destacou que o fundo traria dinheiro fresco "agora", e "sem as incertezas ligadas à regulamentação".
A Warner, número quatro mundial, deve ter ficado decepcionada, após ter lançado várias ofertas de fusão com a EMI, que por sua vez as considerava muito baixas. O "Sunday Times" informou domingo que a americana ainda estava tentando convencer a britânica.
A EMI, que também havia tentado sem sucesso comprar a Warner, preferiu se aventurar em terra firme com um fundo.
Enquanto a Comissão Européia examina há vários meses a fusão entre as gravadoras Sony e BMG, gerando fortes incertezas sobre uma entidade como esta, número dois mundial, a EMI não quis brincar com fogo.
Um acionista da EMI citado pelo "Sunday Times" domingo destacou, entretanto, que o mercado estava esperando até agora uma aliança EMI-Warner e que, se os contatos pelos fundos foram adiados anteriormente, é que os acionistas sabiam muito bem onde estava o verdadeiro valor, apesar dos riscos de concorrência.
O mercado parecia então esperar a possibilidade de um leilão: a EMI terminou a sessão em alta de 9,3%, a 271 pence, bem acima da oferta da Terra Firma.