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terça-feira, 1 de julho de 2025

Preço fomenta venda irregular de gasolina na fronteira

2007-05-08 13:38:00

   A gasolina é vendida nos postos bolivianos por R$ 1,30 o litro. O baixo custo e a proximidade com a área urbana de Corumbá atraem uma boa clientela até o município de Puerto Quijarro, distante 7 quilômetros do centro da cidade. A procura pelo menor preço causa a formação de grandes filas nas bombas dos principais postos de combustível do local. Quando isso ocorre, é normal que o motorista espere por mais de 1h para abastecer o veículo.

  Aproveitando-se dessa demora, diversos bolivianos vendem gasolina “a granel” na beira da estrada, com preços que variam de R$ 1,70 a R$ 2,00. É comum ver pessoas, muitas vezes crianças, oferecendo combustível em garrafas descartáveis de 2 litros. Essa prática, além de perigosa, é ilegal. O governo boliviano limitou o consumo da gasolina a 50 litros diários por veículo. Entretanto, uma vendedora revelou à reportagem do Diário Corumbaense que comercializa clandestinamente cerca de 200 litros do combustível por dia.

Ela, que preferiu não ter o nome divulgado, afirmou que compra diariamente a gasolina em um dos postos oficiais e paga R$ 1,45 por litro. Segundo a vendedora, quando a quantidade adquirida é superior à cota, o produto fica 15 centavos mais caro por litro. “Apesar disso, ainda podemos fazer o preço por até R$ 1,70 que obtemos um bom lucro”, afirmou.

Para a vendedora, a falta de paciência dos brasileiros é o principal motivo que leva os bolivianos a venderem gasolina de forma irregular. “As pessoas vêm até aqui e não têm paciência de esperar na fila. Preferem pagar um pouco mais e comprar na beira da estrada”.


Prejuízos-A concorrência com a gasolina boliviana vem causando um grande prejuízo aos Postos de Corumbá. De acordo com o empresário Ivan Marinho, proprietário de um posto da Rede Esso na cidade, a venda de gasolina caiu pelo menos 50% nos últimos anos.

“O que acontece no município é mais do que uma concorrência desleal. Além de haver o comércio na Bolívia, muitas pessoas trazem o combustível de lá e o vendem aqui na cidade. Isso causa um prejuízo violento ao comércio local”, disse o empresário.

“Eles não são obrigados a pagar licença ambiental, fundo de garantia e diversos outros encargos que nós aqui não temos como escapar. Isso acaba fazendo com que os donos dos postos trabalhem com um número reduzido de funcionários, o que termina por aumentar a taxa de desemprego na região”, afirmou Ivan Marinho.

Para o empresário, a situação, apesar de crítica, ainda pode ser resolvida. “Falta uma fiscalização mais séria na região de fronteira. O que poderia ser feito, por exemplo, é aumentar o valor do pedágio e haver uma fiscalização mais intensa por parte das autoridades competentes” completou ele.

Apesar de mais atraente do ponto do vista econômico, a gasolina boliviana não tem o mesmo rendimento do combustível vendido no Brasil. Embora ela também seja produzida pela Petrobras, a gasolina da Bolívia contém em sua fórmula o composto chumbo tetraetila (CTE).

Esse composto, rico em chumbo, foi usado por muitos anos em diversos países do mundo para aumentar a octanagem do combustível. Em 1989, o Brasil proibiu a utilização do CTE porque se descobriu que ele é um produto prejudicial ao meio ambiente e também por ser tóxico ao ser humano. Atualmente, o chumbo somente é utilizado na gasolina de aviação, sendo que seu uso é altamente prejudicial aos carros modernos que são equipados com catalisadores e sonda-lâmbda.

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