2007-05-08 22:46:00
A Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau – para onde o detento Marcos Camacho, o Marcola, foi transferido na manhã desta terça-feira (8), é o presídio de segurança máxima mais distante da capital paulista no estado. A P2 de Presidente Venceslau fica a 620 km de São Paulo.
Em nota divulgada no início da tarde desta terça-feira (8), a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) não confirmou o destino do suposto chefe da quadrilha que age a partir dos presídios de São Paulo, e se limitou a informar que "a transferência foi feita para uma penitenciária de segurança máxima, destinada a presos perigosos, onde a vigilância é exercida com o máximo rigor".
Na Penitenciária de Presidente Venceslau estão presos outros bandidos apontados como chefes da quadrilha que age a partir dos presidios. A transferência desses detentos para esse presídio teria motivado os ataques da quadrilha à capital paulista em maio de 2006.
A Penitenciária 1 de Avaré – que também foi apontada como provável destino de Marcola – fica a 262 km da capital paulista. Se tiver o mesmo tratamento que os outros presos em Presidente Venceslau, Marcola estará sujeito a regras menos rígidas do que no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em Presidente Bernardes – onde esteve no último ano -, mas mais severas que as de um presídio comum.
Em Presidente Venceslau, Marcola deverá dividir a cela com outros presos. No RDD, ficava sozinho, isolado, vigiado por câmeras. Ele tinha direito a 2h de banho de sol por dia. Em Presidente Venceslau, os detentos têm direito a 2h30 de sol diárias.
O esquema de visitas também é diferente. No RDD, o detento fica separado do visitante por um vidro. No regime normal, o detento pode receber visitas íntimas durante o horário da visita social, que acontece aos fins de semana. Nessas visitas, os presos podem receber dos visitantes produtos como roupas e comida. Essa permissão, segundo agentes penitenciários, dificulta a triagem do que entra no presídio. No RDD, o detento só pode receber objetos pelo correio.
Mas, a vigilácia na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, é maior do que em presídios comuns. Os detentos não têm atividade de trabalho e nem estudam. Além disso, a P2 conta com os grupos de Intervenção Rápida (Gir) e de Ação Regional (Gar), de agentes penitenciários treinados pela Polícia Militar para reforçar a segurança e impedir motins na unidade.
Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários, cerca de 100 agentes integram o grupo. Com cães e armas não letais, eles acompanham a movimentação dos presos, por exemplo, durante o banho de sol.
Histórico em presídiosMarcola foi condenado a 45 anos de prisão por vários crimes, principalmente por roubos a banco. Ele é citado em denúncia do Ministério Público como chefe da quadrilha que age a partir dos presídios de São Paulo. A quadrilha teria sido a responsável pelos ataques a policiais militares, agentes penitenciários e alvos civis no ano passado.
Não foi a primeira vez que Marcola cumpriu pena no RDD de Presidente Bernardes. Logo quando foi aprovada a lei que reformou a Lei de Execuções Penais, em dezembro de 2003, ele foi um dos primeiros colocados no regime disciplinar, sob o qual permaneceu até junho de 2004, quando foi transferido para a penitenciária de Araraquara.
Marcola voltou para o RDD em abril de 2005, onde permaneceu até janeiro de 2006, e foi transferido para a Penitenciária 1 de Avaré, depois de uma tentativa de fuga mal-sucedida. Meses depois, em maio, Marcola voltou definitivamente para Presidente Bernardes – durante a primeira onda de ataques a agentes de segurança em São Paulo – e lá permaneceu até a manhã desta terça-feira, 8 de maio de 2007.
Entenda o RDD O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) foi criado em 2003, com a alteração da Lei de Execuções Penais brasileira. O chamado RDD é aplicado em presídios de segurança máxima e determina que o detento fique preso em cela individual monitorada por câmera, com saídas para banho de sol por apenas duas horas diárias. Isolado 22 horas por dia, o preso pode receber também visita de apenas duas pessoas por semana, mas sem direito a contato físico com os visitantes. O detento é proibido de assistir a televisão, ouvir rádio e ler jornais e revistas.
A comunicação do detento com os carcereiros é indireta. Os funcionários do presídio utilizam microfones ligados a caixas de som nas celas para passar ordens aos detentos. Além do chefe da quadrilha que age nos presídios paulistas, já esteve preso no RDD o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.