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terça-feira, 1 de julho de 2025

Marcha pede descriminalização da maconha no Rio

2007-05-06 09:40:00

 Polícia Militar do Rio de Janeiro vai estar presente hoje em vários trechos da Praia de Ipanema, para garantir a realização da Marcha da Maconha. O evento pedirá a legalização e a descriminalização da planta e é a versão local da Global Marijuana March (marcha global pela maconha, em inglês), que acontece simultaneamente em cerca de 200 cidades de 40 países, segundo os organizadores.

De acordo com a assessoria de imprensa da PM, embora não se posicione nem contra nem a favor da iniciativa, os policiais estarão patrulhando o local para garantir a realização da marcha, por ser uma manifestação democrática.

 No Rio, a marcha acontece anualmente desde 2002. Nenhum mandado de segurança foi concedido até o momento pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para impedir a passeata pela legalização da maconha, segundo informação do plantão judiciário. Um pedido teria sido formulado pela entidade católica Opus Christi, liderada por Luiz Carlos Rocha, que seria contrária ao uso da imagem do Cristo Redentor, um dos símbolos do Rio de Janeiro, para o evento.

A assistente da direção da organização não governamental (ONG) Psicotropicus, Denise Leal, repudiou a reação da Opus Christi contra a marcha. A Psicotropicus é uma das entidades promotoras da marcha. Leal explica que a igreja católica erra ao considerar como de sua propriedade a imagem do Cristo do Corcovado. “O Cristo Redentor é um monumento internacional que está sendo, inclusive, votado para ser uma das sete novas maravilhas do mundo”, afirma.

Leal disse que a vinculação da imagem à marcha não teve intenção de ligar a Igreja Católica à maconha. “O Cristo é o símbolo do Rio de Janeiro”, lembra. Como a marcha acontece simultaneamente em 200 cidades em todo o mundo, a escolha pelo Cristo teve por meta identificar a cidade onde o evento estaria acontecendo. “Levar pelo lado religioso não tem nada a ver.”

Entre as discussões que o evento quer fomentar, está a efetividade do gasto público que vem exigindo o combate às drogas ilícitas. Para a ativista, o dinheiro poderia ser usado no aparelhamento da própria polícia e em educação, saúde e campanhas de prevenção e informação. “Tem que pelo menos discutir para, depois, ver o que vai fazer.”
Leal defende o fim total da repressão ao uso de drogas por parte da polícia e do governo. “O lugar onde se consome mais cocaína no mundo é Nova York, onde há também a maior repressão. Então, não funciona. Já está historicamente comprovado que repressão, proibição, não funcionam nesses casos, porque há uma demanda da humanidade pelo uso de drogas. E enquanto houver essa demanda, vai ter gente plantando, produzindo e fazendo.”

Na avaliação de Leal, a legalização não só da maconha, mas de todas as demais drogas ilícitas, contribuiria para inibir a ação dos traficantes. “Tirar da ilegalidade é a melhor coisa que tem. Tira o jovem de classe média do contato com o criminoso de morro, com o traficante. Ele vai poder adquirir o produto em locais indicados, controlados. O tráfico de armas diminui também. O traficante não vai precisar de tanto aparato para proteger um comércio tão lucrativo, porque, se ele não é mais ilegal, para que aquilo tudo?”

A expectativa é que a marcha reúna cerca de 1.000 pessoas. Denise Leal diz que a alternativa de participação usando máscara, para as pessoas que não querem ser identificadas pela televisão para não perderem o emprego ou não serem reconhecidas pela família, deve contribuir para ampliar o número de ativistas presentes à manifestação. No ano passado, por falta de organizadores, a marcha do Rio de Janeiro não foi realizada. Em 2005, o movimento reuniu 300 pessoas. Em 2002, 500 manifestantes participaram da marcha na capital fluminense.

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