2007-04-28 16:30:00
Com as contas bancárias e os bens da viúva Adriana Almeida bloqueados desde fevereiro, os funcionários da fazenda do milionário da Mega-Sena, assassinado no dia 7 de janeiro, estão vivendo em condições precárias.
Sem receber salário desde então, eles estão ameaçados de que a luz seja cortada. De acordo com as contas do advogado de Adriana, já são R$ 80 mil em dívidas.
“A luz da fazenda vai ser cortada em qualquer momento. Não podemos punir os funcionários, que estão contando com a ajuda de parentes e amigos para sobreviver. Vai chegar a um ponto que ninguém mais vai ter como ajudar”, disse Rodrigo Ferreira, um dos advogados da viúva.
Segundo ele, as dívidas incluem ainda saldos devedores de IPTU e condomínio da mansão de Renné Senna no Recreio, na Zona Oeste da cidade. “Só de IPTU do Recreio são quase R$ 4,5 mil de saldo devedor”, completou.
Por conta disso, ele e o sócio Adelson Rodrigues entraram com uma petição, na 1ª vara cível de Rio Bonito para que a quantia seja liberada pela Justiça. Além da conta pessoal de Adriana, duas contas conjuntas da ex-cabeleireira com o marido foram bloqueadas, com um valor aproximado de R$ 1,8 milhão.
Ainda de acordo com Ferreira, nem o gado tem escapado da falta de dinheiro. “A família já foi notificada por não ter vacinado o gado contra febre aftosa”, diz ele, sobre as 950 cabeças de gado nelore, usados para corte. Além da mãe da viúva, os filhos, a irmã e o cunhado estão morando na fazenda. A escola das crianças e outras despesas têm sido pagas por amigos.
“São dívidas que existem por irresponsabilidade da Adriana, porque ela é quem está de posse destes bens”, rebate Marcus Rangoni, advogado da filha da vítima, Renata Senna. “Depois que ela pegar a parte dela ela pode começar a evitar dívidas, como a de IPTU, por exemplo. Mas o processo de inventário é sempre demorado”, explica ele, que acredita que até o fim do ano a cliente consiga ter a sua disposição sua parte na herança do pai.
Testamenteiro quer contratar novo administrador – Responsável pelo testamento de Renné Senna, o administrador de empresas Marcos Ourivio entrou na Justiça com pedido de autorização para contratar, com recursos do espólio, um novo administrador para a fazenda Nossa Senhora da Conceição, em Rio Bonito, onde o milionário morava.
“O processo está parado desde março por que a juíza declarou que não era competente para julgar o caso. Um processo como esse pode durar décadas”, diz o advogado de Ourivio, Luiz Fernando carvalho. Como testamenteiro, será de Ourivio o dever de fazer o levantamento dos bens de Renné. Por contrato ele terá direito a 2% do valor da fortuna para exercer a função.
R$ 40 milhões estão bloqueados – Além dos imóveis bloqueados na Justiça, a fazenda (no valor de R$ 9 milhões), a casa do Recreio (R$ 750 mil), uma cobertura em Arraial do Cabo (R$ 300 mil) e um sítio em Itaboraí (R$ 70 mil), cerca de R$ 32,5 milhões da fortuna de Renné teria sido aplicado num fundo de investimento da Caixa Econômica Federal, em que ficaria indisponível para saque durante dois anos, prazo que vence em julho.
Até o início do ano, o montante aplicado já havia rendido mais de R$ 7 milhões, somando um total de R$ 40 milhões. Enquanto não pode movimentar em sua fatia da fortuna, Renata, que largou o emprego de balconista para fugir do assédio da imprensa, assim que o pai morreu, também vive com a ajuda de amigos e do namorado.
Outra que tem passado necessidade é a viúva de Calisto Fernandes Santos Filho. Tio de Renné, ele administrava o sítio do sobrinho e foi preso na delegacia de homicídios, quando foi depor sobre o caso. Na ocasião, a polícia descobriu um antigo mandado de prisão contra ele por estupro. Ele acabou morrendo na prisão semanas depois. “A gente tem procurado colaborar dentro do que pode e do que eles precisam”, diz Rangoni.