2007-04-28 05:12:00
Antonio Luiz
Por mais otimismo que o presidente da República e parte da imprensa tente incutir nos brasileiros, a verdade é que, pelo menos na região da fronteira do Mato Grosso do Sul, não haverá a tão propalada super-safra. Também, segundo os especialistas, não haverá uma safra catastrófica. Teremos apenas um resultado dentro da normalidade.
O grande problema enfrentado atualmente pelos sojicultores é o enorme endividamento causado pelas quebras das últimas três safras. Segundo o técnico agrícola Sérgio Costa Curta da Agrotec, “o produtor a partir de 1999 renovou seus imobilizados através de financiamentos, até 2003 as coisas correram normalmente, quando houve o período de seca, três anos consecutivos, o produtor colheu muito abaixo da média com custos muito mais elevados que deflagrou a onda de endividamento”.
De acordo com a Agrotec no município de Amambaí este ano foram plantados
Mercado – Analistas de mercado acreditam que muito em breve o dólar atinja a casa dos R$2,00. A queda do valor pode significar diminuição no preço pago pela saca da soja, que chegou a custar na última semana R$26,00, superior ao preço pago no mesmo período do ano passado (R$20,00).
O aumento dos preços, no espaço de um ano, não significou melhora, mas apenas uma recuperação, após uma série de crises enfrentadas pelo setor, como a super-safra norte-americana e a seca que atingiu o Estado.
Nesta época do ano é natural que os preços diminuíam em decorrência do período de “boca de safra”. O problema este ano é que mesmo após o período de safra, a tendência é que a recuperação de preços não seja a esperada, em decorrência da cotação da moeda. “A queda no preço do dólar é prejudicial aos produtores, já que a cotação do produto é feita com base na moeda estrangeira”, afirma Dupas.
Outro ponto negativo enfrentado pelos produtores é o aumento nos preços de defensivos agrícolas que chegam a 30%, o que deve encarecer a próxima safra.
Não existem indícios de que a cotação da moeda norte-americana volte a subir. Mesmo com a reclamação dos produtores o presidente da república já afirmou em diversas entrevistas que nem o Governo, nem o Banco Central irá interferir.
Endividamento – A insatisfação e indignação dos produtores rurais, especialmente os sojicultores, com os governo federal e estadual pôde ser medida na reunião realizada no Sindicato Rural no último dia 11 de abril quando a unanimidade dos presentes protestou contra a falta de iniciativa e morosidade das autoridades em resolver a questão do endividamento do setor causado por três anos seguidos de frustração de safra. A reunião foi aberta pelo presidente do Sindicato Christiano Bortolotto com a apresentação de data-show sobre os encaminhamentos para negociação das dividas feitas pela Comissão de Fibras Oleaginosas da Famasul. Outras questões enfocadas no encontro foram a criação, pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul, de um decreto que limita a exportação de soja a 50 por cento da produção para arrecadar ICMS sobre o não exportado, já que esse imposto não incide naquele tipo de comercialização. Também debateram sobre a discutível divulgação pelos veículos de comunicação, sobretudo os oficiais, de que haverá um recorde nacional de safra. Os agricultores concordam que essa safra foi melhor do que as anteriores, mas muito longe de ser excepcional.
Dentre os presentes estava o gerente da agência do Banco do Brasil em Amambai, Marcos Sozza, que argumentou não ter recebido ainda qualquer instrução da Regional para renegociação de divida. O presidente do Sindicato afirmou ser essencial para as negociações que se faça um levantamento caso a caso através das assistências técnicas, ainda que impessoal, de todas os débitos dos produtores para que com os dados aferidos e dimensionada a divida total dos produtores de Amambai, o Sindicato possa fazer as devidas reivindicações junto aos órgãos e instituições competentes.
Esse levantamento passou a ser o tema prioritário da reunião, pois a sua relevância ficou evidente. Outros assuntos como a atual ineficiência das Câmaras Setoriais, equivalência de produtos e diminuição da área de plantio serão rediscutido em reuniões posteriores.