2007-04-13 12:23:00
O “Apagão” e o compadre
Parte de nós, brasileiros, perdeu a vergonha de uma vez. Essa parcela da sociedade já não se indigna com a irresponsabilidade e as safadezas que o governo Lula nos enfia goela abaixo. Não há um só dia que não tomamos conhecimento de alguma falcatrua ou safadeza praticada em algum escaninho da administração pública, lógico, a federal.
Na semana passada completou um ano em que foi apresentado o relatório da CPI dos Correios que denunciava dezenas escroques e até agora nenhum foi ao menos julgado. A mesma coisa aconteceu com o relatório arrasador apresentado pelo procurador-geral da República, denunciando os famosos 40 envolvidos e cunhando a frase que entrou para os anais da política brasileira afirmando categoricamente que o PT era uma “sofisticada organização criminosa” especializada em “desviar dinheiro público e comprar apoio político”.
Nada aconteceu, nada acontecerá. Ou melhor, Lula e alguns “mensaleiros” se reelegeram graças à impunidade que impera no país e à ignorância e passividade dessa parcela de brasileiros.
Não me canso de mostrar os exemplos, mas vamos lá. Desde o começo do atual mandato, a minoria no Congresso vem tentando instalar a “CPI do Apagão” com o objetivo precípuo – ainda que possa ser usada politicamente, coisa que o PT fez a vida toda quando era oposição – de investigar as causas e efeito de todas as mazelas que os brasileiros que precisam viajar de avião têm passado nos últimos seis meses. O governo e seus venais aliados bloquearam e inviabilizaram por ora a instalação da tal CPI. A oposição recorreu ao STf e espera-se a resposta, mas tudo indica que depois da crise nos vôos há duas semanas e a desastrada intervenção da “otoridade máxima”, o “anarfa-mor”, que conseguiu o milagre da multiplicação das crises, mas “se quede tranquilis” a CPI deve ser instalada. Explicando a multiplicação: havia uma do apagão, passou a haver mais uma: a militar.
O que fez o governo, malandro que é, ou melhor acha que o resto da população é constituída por parvos, ameaçado pela abertura da CPI do Apagão Aéreo l o Conselho de Administração da Infraero a demitiu por suspeita de corrupção quatro funcionários da estatal. Segundo a oposição, o objetivo do governo é esvaziar a CPI, cuja instalação deverá ser determinada pelo Supremo Tribunal Federal . ‘Estão querendo entregar quatro bois para deixar passar uma boiada’, disse o senador tucano Arthur Virgílio. As demissões foram sugeridas pela Controladoria-Geral da União, que viu indícios de irregularidades na compra de ônibus para transporte de passageiros e na concessão de área para instalação de um posto de combustível no aeroporto de Brasília. Até na CGU tem safado.
Por falar em safado, a Varig foi vendida, quem comprou foi a empresa de aviação Gol, o intermediário no negócio foi Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Roberto Teixeira, está envolvido em uma série de maracutaias, mesmo antes que seu compadre fosse presidente. Usava as prefeitura do Partido dos Trabalhadores – PT de São Paulo, para fazer suas negociatas, valendo-se do nome de Lula.
Esses fatos foram denunciados na época pelo petista Paulo de Tarso Venceslau, mas Lula zangou-se e expulso Venceslau do partido, com uma fase lapidar: “Democracia é bom, mas tem hora”.
O Presidente da República interferiu diretamente para que a Varig fosse vendida à Gol, beneficiando, seu compadre, como atesta Nenê Constantino, dono da Gol, quando foi levado por Teixeira ao Palácio do Planalto para falar com Lula: “Há seis meses, o presidente Lula me pediu que entrasse nas negociações para salvar a Varig”.
Paulo de Tarso Venceslau, em 1995 levou a Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente nacional do PT, a denúncia de esquema de arrecadação de caixa 2 promovido pela empresa Consultoria para Empresas e Municípios em prefeituras petistas. A Cpem era representada por Roberto Teixeira, compadre de Lula, e Paulo Okamotto, ex-dirigente do partido. A denúncia foi abafada e Venceslau, além de tachado de louco, foi expulso do PT no início de 1998.
Esse último episódio está descrito com todos os detalhes no livro “Já Vi Esse Filme” do jornalista Luiz Maklouf Carvalho. Vale a pena ler esse livro.