2007-03-30 14:19:00
Cínicos e mentirosos
Foram tantos os mentirosos e malandros que andaram em torno do atual Presidente da República que é bem provável que esse recorde duvidoso jamais seja sequer igualado, até porque a caterva continua na ativa. Como diz o Clodovil "boi preto conhece boi preto", ou seja, eles se conhecem e se atraem. Nós, o povo brasileiro tivemos a oportunidade de mudar esse quadro, mas infelizmente as circunstâncias e a nossa inata tendência para a esbórnia derrotaram o bom senso e reelegemos grande parte dos notórios safados, incluindo aí o próprio presidente, um homem de várias faces e todas elas muito feias e falsas.
Dentre as aberrações que recolocamos na ribalta da política nacional estão o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente do PT José Genoíno, ambos eleitos deputado federal.
Esse Periscópio homenageia essas duas insignes figuras por um singelo motivo: ambos escreveram um livro. E, incrível, os dois desmentem o que todo mundo sabe, todo mundo viu. As obras – não sei se têm algum valor literário e nunca saberei porque não perderei meu tempo lendo "baboseiras" mentirosas.
Mas, não resisti em ler pelo menos um trecho da entrevista que Genoíno concedeu ao jornal carioca Tribuna da Imprensa. Confesso que li somente o que achei que tivesse interesse, ou seja, quase nada. Porém, o trecho a seguir dá uma idéia do cinismo e da cara-de-pau desse senhor.
"Eu vivi duas torturas. Vivi a tortura na época da ditadura militar, quando você é isolado e torturado, e vivi a tortura pós-moderna, quando a acusação não se dá o contradito direito ao contraditório, e nem muito menos dá todas as explicações. E vou reafirmar: não pratiquei crime. Os empréstimos que eu avalizei são legais e estão na prestação de contas no Tribunal Superior Eleitoral. A minha conta de campanha para governador em 2002 está registrada e aprovada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. A mesma coisa com a minha campanha eleitoral de 2006. O meu patrimônio é um sobrado que moro em um bairro popular em São Paulo há 23 anos. Não aumentou o meu patrimônio. Até diminuiu. E vivo dedicado à causa. Não tenho acumulação de bens e nem ascensão econômica e social.
Fui condenado previamente por um processo de uma tortura pós-moderna. E é isso que também deixo claro no livro, porque isso que eu estou te falando, sobre a minha vida pessoal, a minha família, onde moro, todo mundo sabe disso. Muitos amigos da imprensa me conhecem, sabem onde eu moro, onde moro em Brasília, como vivo. Portanto, tenho a consciência tranqüila e é isso que deixo claro no depoimento do livro "Entre o Sonho e o Poder".
Sem dúvida o Procurador da República Antonio Fernando Soares deve estar maluco ao indiciá-lo e junto com a "sofisticada quadrilha" que criou e operou o famigerado "mensalão".
Já o ex-ministro escreveu a obra-prima "Sobre formigas e cigarras" onde narra que sua estrela começa a cair em agosto de 2005, quando o Ministério Público de São Paulo, depois de ter, com autorização judicial, gravado os telefonemas do advogado Rogério Buratti, que tinha sido secretário de Governo do prefeito Palocci entre 1993 e 1994, aperta o cerco e leva o ex-secretário à prisão.
Mas o que derrubou Palocci foi a quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa. O desfecho: "Após três anos e 86 dias, eu deixava o governo". Escreve, ipsis litteris, o que disse ao presidente Lula antes de sair: "Reafirmei que não tinha responsabilidade direta no caso, já que não ordenara a quebra do sigilo e tampouco autorizara o vazamento de dados referentes a qualquer pessoa enquanto estive à frente do Ministério da Fazenda. Mas que tendo o fato ocorrido em uma área sob minha responsabilidade, me sentia politicamente responsável e teria, portanto, que pagar o preço político". Quer dizer: assumiu, sem assumir.
Uma pequena observação: Em qualquer país sério, o ex-caseiro Francenildo Costa seria respeitado. Como todos sabem, esse humilde cidadão foi agredido institucional e covardemente com a quebra de seu sigilo bancário, por ordem do ex-ministro da Fazenda do Lula. Por essa razão, Francenildo perdeu o emprego, a mulher e vive de bicos. Em Brasília, onde mora, ninguém quer oferecer uma colocação profissional ao caseiro, como se fosse ele inimigo da Nação. Por ter falado a verdade sofre grandes humilhações.
Palocci, João Paulo Cunha, Genoino e tantos outros do governo Lula, por terem infringido as leis e saqueado o País, têm foro privilegiado, foram reeleitos e, pela insensibilidade e falta de consciência política do nosso povo, é possível que um dia, se continuarmos a votar mal coloquemos toda a corriola de volta ao Congresso.