2007-01-24 06:53:00
Uma situação que já era prevista após três frustrações de safra e o alto endividamento dos produtores rurais, a contratação de empréstimo para custeio de lavouras junto ao Banco do Brasil para a safra 2006/07 está bem aquém dos números do ano passado. São R$ 370 milhões para custeio na agricultura até o momento, segundo a gerência de Agronegócios do Banco, contra R$ 610 milhões em 2006. Considerando que ainda devem ser acrescidos empréstimos para custeio da safrinha de milho e a de trigo, algo em torno de R$ 120 milhões a mais, ainda assim este ano a instituição deve liberar cerca de 20% a menos para o custeio em relação ao ano anterior.
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino José Ferreira, afirma que os produtores que estavam impedidos de ter acesso ao crédito, devido ao endividamento, acabaram investindo recursos próprios e economizando na tecnologia. Com isso, afirma, contaram com que o tempo fosse bom e, diferente de anos anteriores, a chuva veio em abundância e as lavouras estão prosperando, afirma Gino. “O sucesso da agricultura este ano se deve à chuva. O produtor plantou em uma ação de desespero, de vida ou morte”, disse. Além das quebras de safra, Gino acusa a política agrícola nacional de ser incompatível com as necessidades do setor, apontando como vilões o dólar em baixa e os custos elevados.
Hoje a saca de 60 quilos de soja é negociada em Dourados na casa dos R$ 26,00. “O ideal seria R$ 35,00”, diz Gino. Cerca de 40% da produção do grão já estão comprometidos com vendas antecipadas, de acordo com informações da Granos Corretora de Grãos. A safra esperada é de 4,6 milhões de toneladas e o forte da colheita ocorre em março, embora a de variedades precoces já tenha iniciado.
De acordo com informações do Banco do Brasil, somando recursos de custeio e investimento (agricultura e pecuária) são R$ 525 milhões liberados até o momento. No ano passado foram R$ 670 milhões em custeio para agricultura e pecuária além de R$ 225 milhões em investimentos. Uma boa parcela dos recursos para investimento é liberada ao longo do ano, por conta de feiras agropecuárias, embora o grosso do custeio saia até janeiro.