2014-04-23 22:17:00
Muito se fala sobre a condição de saúde das pessoas mais velhas, principalmente, os idosos. Exames frequentes, campanhas de conscientização e monitoramento constante dos familiares são comuns para assegurar a boa saúde e conforto das pessoas maduras. Mas e a saúde dos jovens? Na madrugada da última segunda-feira, o adolescente Gustavo Castanheira, 17 anos, irmão do cantor de funk MC Gui, faleceu em razão de uma parada cardíaca, a caminho do hospital, em São Paulo. O caso lembra a morte de uma estudante de 18 anos de Campo Grande, que faleceu sob as mesmas circunstâncias, enquanto assistia a uma aula na universidade.
De acordo com a médica pneumologista Andrea Marcia Cunha Costa, também especializada em atendimento da família, não é comum uma pessoa jovem sofrer uma parada cardíaca. São casos raros, mas não impossíveis. “Geralmente, acontece quando a pessoa tem uma arritmia ou doença genética que veio da família e não teve acompanhamento”, explica. Para Andrea, é importante que mesmo as pessoas mais jovens descubram o histórico familiar de saúde, para precaver doenças e riscos. “Saber se existe doença cardíaca, renal, doenças genéticas transmissíveis”, recomenda. “Tem que estar atento, fazer acompanhamento médico, exames clínicos e físicos”.
Doenças precoces
Com experiência no atendimento de famílias, Andrea relata que a conduta dos jovens tende a prejudicar a própria saúde. “Faz parte do jovem não enxergar o longe, o imediato e achar que nunca nada vai acontecer com ele”, comenta.O resultado são hábitos cada vez piores e doenças surgindo cada vez mais cedo. “Temos visto mais pessoas jovens obesas e isso traz hipertensão e diabetes em uma fase precoce. Antigamente, só se via depois dos 40, hoje há jovens com 20 anos diabéticos e pré-diabéticos”, relata a médica. Em enquete rápida com algumas pessoas na faixa dos 20 anos de idade, as respostas foram esclarecedoras.
A maioria se preocupa com a saúde, mas diz não encontrar tempo livre para preparar uma alimentação melhor ou praticar atividades físicas. Erica Alencar, 21 anos, fez uma bateria de exames após descobrir o câncer de estômago do tio materno. Ainda assim, a estudante não conseguiu melhorar a rotina alimentar. “Fica difícil quando se passa o dia fora (no trabalho e faculdade)”, justifica. Por outro lado, parou de consumir bebidas alcoólicas. “Descobri que tenho problema no fígado”. Já Guilherme Pinheiro, 21, corre quase todos os dias da semana. Mas deixa a desejar em outros aspectos. O estudante de Psicologia reflete sobre as prioridades da sua geração. “Nós temos outras preocupações”, opina. “A questão de trabalho, faculdade e coisas assim acabam nos sugando e nos deixando menos alerta sobre questões da nossa saúde. É alarmante. Um mínimo de cuidado consigo mesmo é sempre bom”, admite.
Incentivo
Para a universitária Dany Pereira, 22, os cuidados começam dentro de casa. “Acredito que primeiramente os hábitos saudáveis vêm do incentivo familiar”, afirma. “Muitos jovens poderiam cuidar mais da saúde”, diz a estudante de Direito, que realiza exames gerais trimestralmente. “Tudo está relacionado aos hábitos pouco saudáveis, ao sedentarismo, aos vícios e à alimentação desregrada”, resume a médica Andrea Marcia. “O jovem acha que o tabagismo, por exemplo, só vai causar problemas depois de 20 anos. Na verdade, não. Algumas complicações têm início naquele momento e só vão aumentando”, alerta a especialista.