2011-06-30 12:35:00
Durante os nove meses seguintes ao momento da concepção, o corpo materno trabalha sem tréguas para abrigar uma nova vida que se forma. Não restam dúvidas de que o período provoca intensas transformações no corpo e na alma.
O crescimento da barriga desloca o centro de gravidade da mulher, que ganha quilos extras até que o rebento esteja pronto para sair do aconchego que o envolve. Antes que isso ocorra, enquanto o bebê empurra a região abdominal para frente, a gestante precisa de grande esforço para se sustentar e equilibrar.
Por isso, fisioterapeutas e professores de educação física são unânimes: se a gravidez não for de alto risco e se não existirem contraindicações específicas, os exercícios físicos podem e devem fazer parte da rotina das futuras mamães, sejam elas marinheiras de primeira viagem ou não.
A fisioterapeuta Sarah de Castro Duarte explica que a gestação também promove a frouxidão dos ligamentos, alterações dos sistemas cardiovascular, respiratório, gastrintestinal, músculoesquelético e urinário.
Sem exercícios, tantas mudanças podem resultar em lombalgia, cervicalgia, incontinência urinária e fecal, formigamento e dormência nas pernas e mãos. É comum também surgirem edemas, cãibras e fadiga — alerta.
Antes de dar à luz, vale praticar todo tipo de exercícios, desde que, é claro, eles não sejam de alto impacto e não comprometam a segurança da mãe e do bebê.
A professora de educação física especializada em exercícios na gestação e no pós-parto Daniela Rico enfatiza que, antes da malhação, é preciso passar pela avaliação e receber a autorização do obstetra.
Além de auxiliar no controle de peso, no condicionamento físico, no fortalecimento da musculatura e na diminuição de dores posturais, os exercícios turbinam a autoestima e contribuem para o bem-estar emocional.
Daniela pondera que pesquisas científicas comprovam que a prática de modalidades indicadas às gestantes também reduz de 40% a 50% as chances de as grávidas adquirirem patologias, como diabetes gestacional e hipertensão na gravidez.
É interessante que se procure um programa específico para o período gestacional. Alongamento, ioga, hidroginástica, caminhada, natação, musculação, pilates para gestante e ginástica localizada são excelentes escolhas porque preparam gradualmente o corpo para o parto — detalha a instrutora.
Planejamento seguro
Normalmente, os obstetras recomendam que a atividade física seja feita a partir da 12ª semana de gestação. Para as mulheres acostumadas à malhação, no entanto, nem sempre é necessário esperar, porque o corpo está habituado à prática.
O que muda, nesse caso, são a intensidade e a frequência das rotinas, sempre planejadas de acordo com o período gestacional e condicionamento físico da mulher.
No primeiro trimestre, não forçamos demais. O organismo ainda está se adaptando à gravidez. No segundo, os exercícios podem ser mais elaborados, e, no terceiro, fazemos uma manutenção de tudo o que foi trabalhado, diminuindo, aos poucos, a intensidade. É uma fase bem dedicada a propostas que fortalecem a musculatura pélvica — acrescenta Daniela.
Ioga e pilates
A ioga e o pilates são indicados, desde que orientados por profissional capacitado que proponha rotinas direcionadas para as gestantes.
No pilates, trabalhamos muito as pernas e a coluna, estruturas sobrecarregadas durante os nove meses. No último trimestre, procuramos fortalecer os braços para que a futura mãe se sinta confortável nos meses em que vai amamentar e carregar a criança — explica a fisioterapeuta Aline Alencastro.
Instrutora de pilates e ioga, ela observa que ambas as modalidades são eficazes para trabalhar a respiração da gestante.
As técnicas são diferentes, mas as duas podem contribuir no sentido de adaptar o pulmão para o terceiro trimestre da gestação, quando o bebê já está grande e passa a comprimir o diafragma — observa.
Filho saudável
Estudo realizado por pesquisadores das universidades de Auckland, na Nova Zelândia, e do norte do Arizona, nos Estados Unidos, constatou que a prática de atividade física na gestação não influencia no tamanho dos bebês, mas faz com que eles nasçam com menos gordura corporal.
Os médicos envolvidos na pesquisa consideram que o trabalho se soma a evidências de que o metabolismo da criança no futuro é influenciado pelo seu ambiente na placenta e que bebês mais pesados em relação à altura têm maiores chances de desenvolverem obesidade.
Dança e autoestima
Segundo a coreógrafa Zaika Capita, 32 anos, a dança do ventre, por ser uma modalidade de baixo impacto, é mais que indicada, apenas é preciso evitar movimentos bruscos e giros.
Zaika acrescenta que a dança do ventre fortalece a musculatura abdominal e pélvica, melhora a circulação sanguínea e a coordenação motora e previne a prisão de ventre. Ela observa que a aula deve ser personalizada, porque cada mulher apresenta características fisiológicas únicas.
Além das inúmeras vantagens físicas que proporciona, a modalidade é uma aliada da autoestima, fortalece o desejo sexual e a autoconfiança, fatores abalados em meio a tantas transformações — sustenta.