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Falta de remédios contra Aids se repete desde final de 2009

2011-03-20 19:01:00

 

"MarcosMarcos D'Paula/AE
 
O problema da falta de remédios contra a Aids, que o governo federal distribui gratuitamente aos pacientes, vem se repetindo desde dezembro de 2009. Para entidades que representam os portadores do HIV, a maior preocupação é que essas falhas no abastecimento se tornem cada vez mais comuns até o ponto de prejudicarem o tratamento.

De acordo com o presidente do Fórum ONG/Aids de São Paulo, os problemas no abastecimento de medicamentos são recorrentes e começaram em dezembro de 2009, com a falta do antirretroviral Abacavir. Já em 2011, pacientes de algumas regiões – como interior de São Paulo, Paraíba e Rio Grande do Sul – acusaram falta do Atazanavir 300 mg.

Os antirretrovirais são substâncias que impedem a multiplicação do HIV e diminuem a quantidade do vírus no organismo. A continuidade do tratamento é fundamental para o controle da doença.

Segundo Pinheiro, ainda que os problemas no estoque sejam apenas pontuais, e não contínuos, eles têm gerado uma “insegurança muito grande” entre as pessoas que usam os antirretrovirais.

– A gente não quer que isso se torne uma rotina.

Além do Atazanavir, este ano, e do Abacavir, em 2010, os portadores do HIV sofreram ano passado com redução no estoque de mais três remédios – o Lamivudina, Efavirenz e Zidorrudina.

O programa de combate à Aids brasileiro é considerado um dos mais importantes do mundo, por garantir aos portadores do HIV, desde 1996, acesso universal aos medicamentos. Para o presidente do Grupo Pela Vidda do Rio de Janeiro, George Gouvêa, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais – responsável pela compra e repasse dos remédios – tem experiência suficiente para prever as variações nos estoques.

– Cada vez que isso [desabastecimento] acontece, acende uma luz indicando que algo no departamento não ocorre como deveria. Sinaliza que existe algum problema. A experiência acumulada tem que servir para alguma coisa.

Duas outras entidades ouvidas pelo R7, que preferiram não se identificar, apontaram falta no estoque dos medicamentos em seus Estados. Segundo Pinheiro, em fevereiro houve também falta do saquinavir.

Explicações

Para Pinheiro, faltam explicações sobre esse desabastecimento repetido dos remédios.

– O processo não é transparente pois não sabemos o porquê da falta.

 

No caso do Atazanavir 300 mg, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais não explicou as razões da baixa no estoque. O órgão apenas divulgou nota técnica com orientações para médicos: substituição por outros remédios ou fracionamento da entrega, até a normalização.

 O diretor do departamento, Dirceu Greco, atribuiu o desabastecimento do atazanavir a uma sucessão de problemas.

– Não há uma justificativa única. Foi uma junção de atrasos, problemas que foram se somando.

Já os problemas no abastecimento do Abacavir foram explicados, ano passado, por causa de atraso na entrega do produto pelo fabricante e da falta de documentação na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Greco nega que o desabastecimento esteja se transformando em rotina.

– Falar isso de um programa que distribui 20 remédios para pacientes de todo o país é quase uma provocação.

Tratamento

A recomendação do governo de substituir o Atazanavir ou fazer a entrega fracionada não prejudica o tratamento dos pacientes com Aids, segundo o infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emilio Ribas de São Paulo.

O médico explica que o Atazanavir pode ser substituído pelo Lopinavir, já que ambos atuam como inibidor de protease, enzima importante para a maturação do vírus.

– Do ponto de vista do tratamento, a substituição não tem problema.

A preocupação, no entanto, é do aspecto psicológico, diz Gorinchteyn. O médico explica que, enquanto o Atazanavir precisa ser tomado uma vez por dia, o Lopinavir são duas.

– Isso faz com que o paciente tenha de se adaptar a essa mudança, mas ela é segura e não leva a alterações maiores.

Com relação ao fracionamento dos remédios, o infectologista explica que, apesar do incômodo ao paciente – que tem de voltar mais vezes à unidade de referência para buscar o remédio – essa prática tem o aspecto positivo de aproximar mais o portador do HIV do profissional da saúde, melhorando o acompanhamento do quadro geral do paciente. 

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