2011-02-21 15:48:00
Novo caminho pode levar à melhoria da quimioterapia
Uma pesquisa feita entre 2009 e 2010 na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), abre perspectivas para se conhecer a evolução do câncer de mama e ainda indica um caminho que pode levar à melhoria da quimioterapia.
Esse estudo investigou e identificou a presença de duas proteínas, a HIF-1-alfa (Fator Indutor de Hipóxia-1-alfa) e a VEGF-C (Fator de Crescimento Endotelial Vascular, tradução para a sigla em inglês), em mulheres com câncer de mama localmente avançado (estágio intermediário da doença).
Segundo um dos pesquisadores, o médico-assistente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da FMRP, Luiz Gustavo Brito, com as identificações dessas proteínas é possível usar medicações contra uma delas e ajudar no tratamento convencional da outra.
Contra a proteína VEGF-C, estudada há mais de 50 anos, existe um medicamento (o princípio ativo Bevacizumab) usado há pouco tempo no Brasil, que combate o tumor.
No caso da HIF-1-alfa, descoberta recentemente, ainda não existe um medicamento padronizado, mas em investigação.
Nesse caso, a paciente realiza o tratamento convencional e faz um acompanhamento mais detalhado em exames para controlar a doença.
Brito e a colega Viviane Schiavon pesquisaram 30 mulheres, pacientes do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Os pesquisadores encontraram a HIF-1-alfa prevalente em 66% dos casos e a VEGF-C em 63%.
A proteína HIF-1-alfa mostrou-se mais intensa em mulheres com axilas comprometidas pelo câncer e a VEGF-C esteve mais presente nas mulheres que fizeram quimioterapia, com boas respostas ao tratamento.
"A HIF-1-alfa está mais presente quando o tumor já está agressivo, mas não sabemos o motivo disso", comenta Brito. A presença da VEGF-C provoca a multiplicação do tumor com mais rapidez.
A partir dessa pesquisa, Brito acredita que a HIF-1-alfa será usada como um marcador para prognósticos das mulheres com câncer de mama e como podem ser suas evoluções.
E a VEGF-C será importante para as mulheres que farão quimioterapia, pois esse tratamento funcionou melhor nas pacientes que tinham o tumor e que expressaram essa proteína.
Os pesquisadores trabalharam apenas com mulheres (todas tinham feito quimioterapia ou cirurgia) com câncer localmente avançado e metástico (estágio intermediário), pois no Brasil não ocorre, geralmente, descoberta de câncer precocemente, como nos países desenvolvidos.(UOL – Ciência e Saúde)