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Pesquisa sustenta que amamentação exclusiva deve parar aos 4 meses

2011-02-08 18:35:00

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o leite materno deve ser o único alimento ofertado para os bebês nos seis primeiros meses de vida. Para a instituição, apenas após meio ano de vida é que devem ser introduzidos outros alimentos, como frutas e papinhas.

No entanto, um estudo realizada por pesquisadores da University College, do Reino Unido, questiona a exclusividade da amamentação pelo período advogado pela OMS e sustenta que o ideal é que a inclusão de novos alimentos na dieta dos pequenos ocorra já a partir dos 4 meses.

Isso ajudaria a prevenir problemas de saúde, como a deficiência de ferro. A proposta reacende a discussão sobre quando devem ser oferecidas outras formas de alimentação para os bebês.

No estudo, os especialistas britânicos cruzaram dados relacionados ao aleitamento materno e à incidência de diversas doenças.

Segundo a pesquisa, as crianças que a partir dos 4 meses consomem alimentos semissólidos, como frutas amassadas e cremes, apresentaram índices menores de doença celíaca.

Além disso, a deficiência de ferro, mal bastante comum em crianças que ainda não ingerem outras formas de alimentação, praticamente não ocorre com a alimentação semissólida.

A pesquisa partiu da divergência entre a recomendação da OMS, que afirma que no primeiro meio ano de vida só se deve tomar o leite materno, e da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês), que recomenda apenas quatro meses de aleitamento exclusivo.

De acordo com a líder do estudo, Mary Fewtrell, a pesquisa propõe que os pais ponderem os prós e os contras da introdução de outros alimentos antes de tomar essa decisão.

“Se, por um lado, o aleitamento exclusivo por mais tempo diminui a chance do desenvolvimento de infecções, por outro, a deficiência de ferro, a doença celíaca e alergias podem ser prevenidas com o ‘reforço’ na alimentação logo aos quatro meses”, explica, em entrevista ao Correio. Para ela, os pais devem ponderar qual a melhor relação custo-benefício na saúde de seus filhos.

“Assim, se os pais viverem em regiões como o Reino Unido, onde alergias e falta de ferro são um problema, indicamos a alimentação semissólida aos 4 meses, mas, se na região onde a criança viver o problema maior for infecções, então apoiamos os pais a manterem apenas o leite até os 6 meses”, pondera Mery.

No Brasil
Apesar dos resultados apresentados pela pesquisa europeia, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mantém a recomendação da amamentação exclusiva até os 6 meses. Para a pediatra Keiko Teruya, diretora de Aleitamento Materno da SBP, vale a recomendação da OMS.

“Pesquisas mostram que o leite materno consegue sim suprir as necessidades do bebê no primeiro meio ano”, diz.

“Assim, continuam mantidas as determinações da OMS e do Unicef, que afirmam que a alimentação vinda da mãe deve ser a única e exclusiva forma de alimentação dos bebês nesse período”, completa.

A pediatra pondera, no entanto, que, em algumas situações, podem haver exceções. Sempre com a orientação de um médico, pode-se determinar a adição de alimentos ricos em ferro, nos casos em que o bebê nasceu prematuramente, por exemplo.

“Isso também pode ser indicado quando a mãe não conseguiu a licença-gestação de seis meses, uma realidade ainda infelizmente bastante comum “, conta a especialista da SBP.

É o caso de Jackeline Nunes Barbosa, 25 anos. A mãe de primeira viagem deve deixar o pequeno Hiago, de 4 meses, em casa para voltar aos estudos. Sem a possibilidade de manter o aleitamento exclusivo, a estudante começou esta semana a introduzir outras forma de alimentação.

“Busquei um alimento em pó específico para bebês, porque me disseram que é o mais parecido com o leite materno”, conta a mãe, que avalia o aleitamento no peito ainda como a melhor forma de nutrir o filho.

A estratégia é uma tentativa de facilitar a adaptação para a nova, realidade que o bebê deve enfrentar.

“Ele mama muito, então acho que se eu deixasse para dar o leite em pó de uma vez ele sentiria muito, por isso optei por ir substituindo aos pouquinhos para ele se acostumar”, afirma Jackeline.

“Estou dando uma vez por dia há dois dias e vejo que o intestino dele não está funcionando tão bem quanto antes", conta a mãe, que pretende continuar a amamentar Hiago quando não estiver estudando.

Independentemente do momento ideal para a introdução de outros alimentos, especialistas — tanto do Reino Unido quanto do Brasil — são unânimes ao defender que o leite materno deve ser mantido até os 2 anos, como recomendam todos os organismos internacionais.

“Não desaconselhamos de forma alguma as mães a pararem de amamentar, muito menos encorajamos o uso de alimentos comerciais na alimentação de bebês”, afirma a britânica Mary Fewtrell.

A opinião é compartilhada por Eucicleide dos Santos Gomes, 19 anos. O pequeno Victor Emanuel, 2, só deixou de mamar quando nasceu a irmã, Maria Vitória, que com 1 ano ainda é amamentada.

“Acho que é importante, ajuda a fortalecer a criança e mantê-la com mais saúde”, diz a dona de casa, que atribui ao leite materno a vitória do filho contra uma pneumonia que o atingiu quando ele tinha cerca de 6 meses.

“Acho que se ele não tivesse mamado como o médico aconselhou, talvez não tivesse resistido”, avalia a mãe.

De acordo com a pediatra Keiko Teruya, o leite materno não contribui apenas para a melhoria da saúde das crianças. E

la lembra que o ato de amamentar cria um vínculo entre o bebê e a mãe que dura a vida toda. “Olhar nos olhos da criança, acariciar o corpinho dela, ajuda a ampliar e fortalecer o laço que os une.

É como se apaixonar, é olhando no olho que o sentimento de amor surge”, compara a médica. Para ela, crianças que mamam no peito são mais amorosas e carinhosas, especialmente com suas mães.

É pensando em todos esses benefícios que a futura mamãe Ana Lídia Lima, 24 anos, pensa quando planeja como vai criar seu filho.

Aos oito meses da primeira gravidez — de um menino, que deve nascer em março —, já está consciente da importância da amamentação. “Enquanto ele quiser mamar, eu não vou impedir. O médico orientou até os 2 anos, e eu espero que até lá ele não largue o peito”, afirma.

Para ela, que aguarda ansiosa a chegada do bebê, alimentar é um ato de amor. “Acho que o leite é uma das coisas mais importantes que a mãe pode dar para seu filho”, resume.(www.correiobraziliense.com.br)

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