2009-10-29 10:08:00
Um fórum da Organização Mundial de Saúde (OMS) – que começou nesta quarta-feira (28) no Rio – vai discutir a melhora no atendimento às vítimas de violência e acidentes de trânsito.
Segundo Marcos Musafir, coordenador do evento, o objetivo é criar recomendações a serem seguidas em todo o mundo e, assim, reduzir o número de mortes causadas por trauma, que hoje chega a 5,8 milhões por ano no mundo.
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o fórum estão reunidos representantes de 101 países e das principais instituições médicas que atendem o trauma, abrangendo especialidades como ortopedia, cirurgia e neurologia.
“Essas instituições vão ter a condição de formular um planejamento que será adequado a cada país. Essas recomendações vão ser estudadas e vão haver mensagens-chave que serão levadas aos países para que essas pessoas que influenciam nas decisões de saúde possam implementar essas recomendações globais da Organização Mundial de Saúde. O principal objetivo é salvar vidas e tratar melhor as pessoas”, explicou Musafir.
Segundo Etienne Krug, diretor do Departamento de Prevenção da Violência da OMS, a melhoria nos sistemas de atendimento ao trauma pode reduzir em dois milhões o número de mortes a cada ano no mundo. Segundo ele, no momento, a vontade política para a prevenção do trauma é insuficiente.
“Estamos aqui no Rio de Janeiro para discutir como melhorar esses sistemas de saúde para dar melhor atenção às vítimas de trauma. Temos a opinião de que, se melhoramos os sistemas de trauma no mundo, dois milhões desses 5,8 milhões de mortes cada ano poderiam ser salvos”, afirmou.
No Brasil, 80 mil mortes
De acordo com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no Brasil o número de mortes causadas por acidentes de trânsito, trabalho, violência e homicídios chega a 80 mil. O ministro voltou a citar a restrição à propaganda de bebidas como uma das formas de prevenção.
“Minha posição em relação a essa questão é clara, o governo encaminhou um projeto de lei para a Câmara dos Deputados e agora a bola está com o Congresso, que tem que discutir e resolver essa questão. O Brasil teve sucesso em relação ao banimento da propaganda de cigarro, os resultados estão aí”, afirmou o ministro.
Políticas de prevenção também serão discutidas durante o evento, que termina nesta quinta-feira (29). A Lei Seca servirá como exemplo positivo. Para Etienne Krug, ela coloca o Brasil no mesmo nível dos melhores países em relação à legislação. “Mas não está terminado o esforço”, ressalta.
Número de vítimas caiu 25% no Rio
A Lei Seca – segundo Temporão – levou a uma redução no semestre de 25 mil internações, o que gerou uma economia de R$ 25 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). No Rio, segundo o coordenador da Operação Lei Seca, Carlos Alberto Lopes, de abril a setembro o número de vítimas em acidentes caiu 25% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Nós conseguimos evitar que 2.477 pessoas fossem vitimadas no trânsito. A OMS está referendando a operação Lei Seca para vários países do mundo. Isso nos dá uma responsabilidade grande no sentido de aperfeiçoar o nosso trabalho para que nós continuemos salvando vidas”, afirmou.
Segundo o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, ortopedistas, clínicos e cirurgiões gerais farão uma capacitação para o atendimento ao trauma.
“É um grande investimento que tem que ser feito também nos hospitais de emergência para que se tenha um atendimento adequado quando esse paciente com trauma chega”.
Samu registra 18 mil atendimentos por mês
Segundo o secretário, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tem hoje uma média de 18 mil atendimentos por mês, com seis mil ligações diárias para o serviço.
“Em 80% das vezes nós chegamos antes de dez minutos. Então, é um sistema eficiente, só que não tem condições de ficar aumentando indefinidamente. É por isso que a Lei Seca é fundamental porque nós temos que trabalhar com a prevenção, não necessariamente o Samu chegando até um acidente nós conseguimos salvar aquela vida. Porque são acidentes gravíssimos”, afirmou.
