2017-12-01 16:27:00
Ministério da Saúde registrou aumento no número de casos de HIV em 2016. Foram 37.884 casos no ano passado, contra 36.360 casos em 2015 — um aumento de 4%. A tendência, de acordo com as novas notificações enviadas à pasta, é de aumento desde 2014, quando foi registado um incremento de 56,2% em relação a 2013.
Esse aumento, no entanto, pode ser explicado em parte porque, em 2014, o Ministério da Saúde tornou obrigatória a notificação de casos de HIV no país. O que significa que todos os serviços de saúde devem informar o órgão de todo o novo caso; antes, esse dado era feito a partir de amostragem em estudos isolados.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (1º), no Dia Mundial de Luta Contra Aids. Também nessa sexta o Ministério da Saúde anunciou que medicamentos para a prevenção do HIV passarão a ser oferecidos gradativamente no SUS agora em dezembro.
Uma outra política adotada pelo Ministério da Saúde que pode explicar o aumento nas notificações é a implementação de testes rápidos de HIV. Entre 2016 e 2017, o número de testes disponíveis aumentou em 49%. Também, segundo infectologista, o alvo da política sobre os testes mudou.
"Antes, principalmente nos anos 1990, você tinha uma política voltada a grupos de maior vulnerabilidade. Era assim: 'se você passou por algum risco, faça o teste'; hoje, a ideia é que todos estão em risco", diz Jamal Suleiman, infectologista do Hospital Emílio Ribas, referência na doença em São Paulo.
Para o especialista, no entanto, as políticas adotadas não explicam totalmente o aumento nas novas notificações e os dados devem ser vistos com um olhar mais atento.
"Essas políticas não explicam totalmente o incremento das notificações de HIV — ainda mais quando é visível um aumento entre homens mais jovens. O perfil da Aids no Brasil é muito complexo e precisa ser analisado com cuidado", explica.
Casos de Aids caem; entenda a diferença entre o HIV
A notificação por HIV ocorre quando o indivíduo tem o vírus, mas não desenvolveu a Aids. O Ministério faz uma diferenciação entre esses dois dados. O HIV é notificado no momento do resultado do teste, se positivo.
Já a Aids é notificada se o indivíduo apareceu no hospital com alguma doença oportunista (como câncer ou infecções) ou com a imunidade muito baixa. Se, durante o tratamento dessas doenças, o médico faz teste de HIV e ele dá positivo, esse indivíduo é notificado como sendo um caso de Aids.
Assim, quando considerado o número de casos de pessoas notificadas com Aids, houve uma diminuição de 5% em 2016 em relação a 2015, embora a queda não seja consistente em todos os grupos etários e a tendência seja de aumento entre os mais jovens.
Nos homens, o número de casos cresceu entre jovens de até 29 anos, mas caiu na poulação de 30 a 59 anos. Nas mulheres, a Aids cresce entre aquelas entre 15 e 19 anos, apresenta queda entre 20 e 59 anos e volta a crescer entre as com mais de 60 anos.
"O aumento entre jovens homens gays é uma tendência. Já nas mulheres acima de 60 anos, muitas delas chegam ao hospital numa fase tardia da doença, com uma imunidade muito baixa. Provavelmente foram infectadas anos antes, quando tinham uma vida sexual mais ativa", explica Suleiman.
Também o Ministério da Saúde registra uma mudança no perfil da epidemia nos últimos dez anos. Hoje, há uma tendência de queda nos casos de aids entre mulheres e aumento entre os homens. Em 2016, foram 22 casos de aids em homens para cada 10 casos em mulheres. Antes desse período, o órgão registrava uma tendência de aumento entre elas.
Mortalidade tem queda e casos entre crianças aumentam ligeiramente
O número de casos de HIV aumentou ligeiramente entre crianças menores de 5 anos esse ano, após uma tendência de queda nos últimos dez anos.
Em 2015, de cada 100 mil crianças, 2,3 nasciam com HIV. Em 2016, o número aumentou um pouco e passou para 2,4. Entre 2006 e 2016, entretanto, a queda registrada foi de 34,5%.
Ainda, a taxa de mortalidade apresentou uma ligeira queda esse ano: de 5,3% em 2015 para 5,2% em 2016.