Uma das primeiras médica a detectar a ligação entre o vírus da zika e fetos com má formação disse que o Brasil esqueceu rápido demais a tragédia dos 2 mil bebês nascidos com microcefalia e corre o risco de uma segunda onda de infecções, caso o vírus sofra mutação.
Um ano após a epidemia inicial, autoridades de saúde pública estão relatando poucos casos de microcefalia em recém-nascidos, um desdobramento que a doutora Adriana Melo e outros pesquisadores brasileiros atribuem à imunidade adquirida pela população do Nordeste, a região do país mais atingida pelo vírus da zika.
"O que vai acontecer é que o vírus não vai desaparecer, ele veio para ficar e vamos ter casos esporádicos, vai ficar como qualquer megalovírus", disse Adriana à Reuters na terça-feira (7) em sua clínica de obstetrícia.
Em aproximadamente uma década, o Brasil terá uma nova geração de mães em potencial que não são imunes, e portanto estarão vulneráveis, se o vírus começar a circular novamente, estimou ela.
Os problemas ocorreram em bebês cujas mães foram infectadas na gravidez pelo vírus, que é transmitido pelo mesmo mosquito que dissemina a dengue.
Raquel Barbosa com suas filhas gêmeas Heloa e Heloisa, de 10 meses, que nasceram com microcefalia em Areia, na Paraíba (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)