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Agricultores produzem mel para a indústria de cosméticos

2015-03-15 19:01:00

O mel produzido por pequenos agricultores do Rio Grande do Sul está virando cosmético. O destino são redes de hotéis de todo o Brasil. Esse é um projeto que une agricultura familiar ao setor de turismo.

Em um dos vários hotéis de São Paulo, os hóspedes recebem  cosméticos feitos à base de mel. Os produtos são a ponta de uma cadeia que começa no campo.

É de Vacaria, no nordeste do Rio Grande do Sul, que sai o mel usado na fabricação de muitos cosméticos. O estado é o maior produtor de mel do país. O município, conhecido pela produção de maçãs, também tem vegetação silvestre bem variada para a produção de mel: araucária, eucalipto, guamirim, carqueja, são algumas das centenas de espécies de árvores da região.

Os apicultores, Alair Vargas e Paulo Rodrigues explicam o uso do fumigador. “Quando a fumaça é aplicada, as abelhas se alimentam de mel, temendo o saque na colmeia. Ao se alimentarem, elas ficam com abdômen rígido e têm dificuldade de dobrá-lo para picar. Bem alimentadas, elas também ficam mais sonolentas", explica Alair.

Os apicultores conferem como estão os favos. "Estão prontos quando estão operculado em 100%", afirma. Ou seja, favo operculado é quando ele está recoberto por uma fina camada de cera, que indica que o mel já está maduro.

Alair Vargas possui quase 30 anos de experiência, foi funcionário da indústria de metalurgia, mas agora se dedica exclusivamente à produção de mel. Ele cuida de 750 colmeias, em 25 apiários. A maioria em áreas arrendadas.

Um dos apiários fica no sítio de quatro hectares da família. Alair não se arrepende da escolha que fez. “É um trabalho mais pesado do que na indústria, porém a satisfação de trabalhar em um ambiente saudável, na natureza e com as abelhas, é grande”, afirma.

Alair e Paulo fazem parte da Cooperativa de Apicultores de Vacaria (Avapis), selecionada para participar do projeto "Talentos do Brasil Rural", fornecendo o mel para a indústria de cosméticos. Pra isso, os apicultores receberam treinamentos. “Tem que ter cuidado com pragas invasoras nas colmeias, a troca de rainha, saber quando ela está produzindo bem. Tudo isso pra ter uma boa produção no final”, comenta Paulo Rodrigues.

O mel retirado no campo é levado para a agroindústria, onde é extraído dos favos em uma centrífuga. Depois é decantado por 72 horas para a retirada de impurezas. Para esta etapa, os produtores também recebem orientações de boas práticas. “Como fazer este processo de extração do mel, como utilizar os equipamentos e como utilizar a vestimenta. Questão de limpeza, higienização… Então para nós ficou muito interessante. E a gente tem mais segurança do que está fazendo e do produto que estamos entregando ao consumidor”, avalia Paulo.

Antes de ir para indústria, o mel que sai do Rio Grande do Saul precisa ser transformado em extrato. Em uma empresa na região metropolitana de Curitiba (PR), o produto deixa de ser alimento e vira matéria-prima para a fabricação de cosméticos.

A principal característica do mel como cosmético é que, dependendo do teor do açúcar, ele forma um filme de hidratação na pele e nos cabelos.

A farmacêutica Ana Carolina Heemann esteve em Vacaria para orientar os produtores e confere se o produto cumpre os padrões estabelecidos no projeto. “Na embalagem adequada, analisamos a rotulagem, validade, o lote do produto, em seguida as características desse mel”, diz.

Ela analisa cor, odor, densidade, pH, o teor de acidez e também o  teor de açúcar do produto. Passando nos testes o mel começa a ser transformado com o uso de conservantes e antioxidantes. “O mel quando chega aqui, está adequado para o consumo como alimento. Ele não deve ser utilizado como insumo cosmético porque ele pode cristalizar e assim influenciar na produção do shampoo, do condicionador, da loção. Então nós realizamos processos de transformação, adicionando outros ingredientes que evitam que isso aconteça", explica a farmacêutica.

Em forma de extrato, o mel segue para a indústria. Em uma delas são produzidas 14 linhas de cosméticos para redes de hotéis, sendo que uma possui um diferencial: embalagens e etiquetas são de material rciclável. “Nesse projeto nós sabemos quem produziu. Em outros tipos de extratos que nós utlizamos, claro existe uma procedência, mas esse mel especificamente é da Cooperativa Avapis, de Vacaria. Todo consumidor que utilizar este produto, sabe que está utilizando algo que é resultado do trabalho daquele pequeno agricultor”, declara Mauro de Oliveira, diretor comercial da empresa.

A Cooperativa de vacaria, além do valor pela venda do mel, tem ainda num retorno financeiro sobre cada um dos cosméticos: 5% do que é comercializado volta para os apicultores. A Avapis também pode vender os produtos. “É mais um ganho para o cooperativado. Na nossa região se usa basntante a abelha mais para polinizar, então é uma maneira do pessoal começar a trabalhar para produzir mel também em maior escala do que produzimos hoje", comenta Edson da Silva, apicultor.

Hoje, os 49 cooperados produzem 60 toneladas de mel por ano e pretendem construir uma nova sede para aumentar a agroindústria. “Quando comecei a trabalhar com apicultura, jamais imaginei que um dia nosso produto ia chegar a uma fabricação de cosmético e distribuição para o Brasil inteiro”, comenta Alair Vargas.

O que os apicultores aprenderam no projeto está se refletindo na produtividade. Algumas colmeias já estão rendendo 50% a mais de mel.

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