2007-07-23 06:12:37
Até a segunda semana de agosto, uma equipe de auditores da Organização Internacional de Epizootias deverá visitar Mato Grosso do Sul, para constatar in loco as ações realizadas pelo Estado para debelar a circulação do vírus da febre aftosa em seu território. O anúncio foi feito pelo diretor-presidente do Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), Roberto Bacha, ao afirmar que os técnicos do Estado estão “tranqüilos” com a nova vistoria.
Se confirmada, a visita ocorrerá um mês antes da reunião da OIE em Paris (França), onde será avaliado o pleito de Mato Grosso do Sul para ser reconhecido novamente como área livre de febre aftosa com vacinação. O status foi perdido após o surgimento de focos da doença na região sul do Estado, em 2005 – atingido os municípios de Eldorado, Japorã e Mundo Novo.
Após uma série de ações – que incluíram exames de sorologia e abates de 34 mil animais suspeitos de terem a doença – apurou-se que ainda ocorria circulação viral, deflagrando novas medidas sanitárias na região (com o abate sanitário de mais 50 mil cabeças, permitindo o aproveitamento da carne). Apenas neste ano, o Estado conseguiu que parte das restrições sanitárias fossem revistas, voltando a exportar carne para alguns mercados – como a África e o Oriente Médio. Porém, a área dos três municípios atingidos pelos focos da doença continua a enfrentar imposições para a venda do produto.
Roberto Bacha ressaltou que as ações executadas pelo governo aumentam a esperança sobre a reabertura de mercados para a carne estadual. Segundo ele, foram inspecionadas todas as propriedades rurais de Eldorado, Japorã e Mundo Novo, bem como colhidas amostras em 30% do rebanho para identificar a presença do vírus da aftosa. “Olhamos animal por animal, e não achamos indícios da doença”, destacou.
Além da identificação e controle direto da doença, também foram tomadas providências para melhorar o monitoramento dos rebanhos bovinos e bubalinos na região – estimados em 150 mil cabeças. Todos os animais receberam brincos de identificação, permitindo uma melhor vigília quanto a entrada de animais alheios à região. “Se entrar algum animal, vamos ver que não é nosso”, sublinhou Bacha. Até o fim do ano, espera-se que tal controle seja efetuado em 1,4 milhão de animais na região de fronteira.
A brincagem, conforme destacou Bacha, auxiliará no controle da movimentação dos animais dentro do Estado. Estima-se que 60% do rebanho sul-mato-grossense circule oficialmente pelo território – o que significa o trânsito de 13 milhões de cabeças de gado entre fazendas, frigoríficos e abatedouros.
Análises – Nesta sexta-feira (20 de julho) foram encerrados os trabalhos de coleta de amostras dos animais em todo o Estado, com a expectativa dos resultados dos exames sorológicos feitos em 36 mil bovinos ser divulgado na segunda quinzena de agosto. Com esses dados, espera-se fundamentar o pleito do Estado para reconhecimento de área livre da doença. Os exames serão feitos no Laboratório de Análises Agropecuárias de Recife/PE.
Roberto Bacha destacou que será solicitado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento o credenciamento do laboratório do Iagro para a realização de exames para identificação da aftosa. A medida, embora não tenha reflexo direto no Estado – uma vez que o Mapa veta a realização dos exames na mesma região sob suspeita – permitiria reduzir a demanda nas outras unidades do Lanagro, agilizando o processo.