2007-07-04 15:18:37
Os preços internacionais elevados dos grãos, principalmente da soja, devem estimular uma expansão do plantio no Brasil na temporada 2007/08, com a safra em geral podendo atingir um novo recorde, afirmou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
"Se as condições climáticas forem as mesmas deste ano, acho que vamos para 135 milhões de toneladas", afirmou o ministro na tarde de terça-feira, acrescentando que a soja seria "o carro-chefe" da expansão mas que o milho também "é destaque".
A útima projeção da Companha Nacional de Abastecimento (Conab) para a atual temporada, divulgada na terça, apontou uma safra recorde de 130,5 milhões de toneladas. A safra de soja somaria 58 milhões de toneladas, também recorde.
Stephanes afirmou que a alta internacional dos grãos – motivada principalmente pela demanda por milho nos Estados Unidos, gerada pela expansão na produção de etanol – tem ajudado a amenizar os efeitos da valorização do real ante o dólar.
Ele ressaltou, contudo, que o câmbio fraco pode ser uma ameaça à produção agrícola brasileira não para a próxima safra mas dentro de um prazo mais longo, já que está "comendo" parte dos ganhos do produtor num momento que deveria ser de recomposição das finanças.
Problemas de produção e de preços geraram nos últimos anos graves dificuldades para os produtores brasileiros, especialmente no Centro-Oeste, onde os custos são mais elevados devido à distância dos portos.
O ministro observou que, apesar da melhora da situação este ano, não houve uma recuperação da renda do setor como um todo – ela varia de acordo com o produto e a região.
Avaliações feitas pelo ministério considerando a renda bruta do setor, custo de produção, endividamento e renda líquida demonstram que Mato Grosso como um todo não terá condições nos próximos dois anos de pagar dívidas passadas, apenas custeio da última safra e alguns investimentos novos.
No Paraná, a situação é um pouco mais tranquila, especialmente porque o custo de transporte de grãos até os portos é bem inferior ao do Centro-Oeste: US$ 20 por tonelada contra US$ 80 a US$ 100.
O Estado teria condição de começar a pagar as dívidas nos próximos dois anos, "em valores menores e se safras continuarem boas", citou o ministro.
"Uma coisa que ficou muito clara (recentemente) é que onde houve boa produção e bom preço na última safra, 95% dos produtores estão com pagamentos de custeio da última safra em dia. Isso mostra que quando tem renda, ele (o produtor) paga", afirmou.
O governo, segundo Stephanes, não tem uma estimativa de quanto a valorizacao do real impactou o setor.
O ministro disse que o governo está atento à situação da oferta de adubo no país. Hoje o Brasil importa o equivalente a 60 por cento de suas necessidades de matéria-prima para adubo, e a perspectiva e chegar a 80 por cento em 15 anos.
A grande dependência de produto importado preocupa o governo. Na imprensa, o ministro já chegou a sugerir que existe um cartel na comercialização do produto, que é dominada por quatro empresas.
"Estamos tentando uma série de ações… até importação direta por parte de grupos e cooperativas, de produtores de cana que se associarem. Isso hoje já é possível mas não está funcionando", disse o ministro, que determinou recentemente a criação de um grupo de trabalho para investigar este mercado.