2011-10-24 09:30:00
Mesmo com o plantio da soja ainda em andamento nas principais regiões produtoras do País, o grande volume de vendas antecipadas do produto reflete o otimismo para a safra 2011/2012 da oleaginosa. A fim de garantir preços mais altos e não depender da relação de oferta e demanda, alguns estados já registraram comercialização superior a 50%, de uma safra que nem ao menos foi plantada completamente.
Com a perspectiva de plantar a mesma área de soja da safra anterior, o Estado do Paraná ainda se mostra conservador em suas projeções sobre a produtividade média de suas lavouras para esta safra. "Este ano, o estado retomará as áreas de milho, perdida nos últimos três anos. Com isso a área de soja acaba ficando do mesmo tamanho", comentou Magorete Demarchi, engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Na safra 2011/2012 a expectativa é de plantar 4,43 milhões de hectares, ante os 4,48 milhões registrados no ano passado. Já a perspectiva da produção de soja paranaense é de uma queda de 7%, passando de 15,31 milhões de toneladas da safra passada para 14,22 milhões neste ano. "Na colheita anterior o clima foi excelente, fato que gerou recorde da produtividade, e recorde de nossa produção também", contou Margorete ao DCI.
A produtividade do estado na safra 2012 deve ficar em cerca de 3,2 mil quilos por hectare, ante 3,4 mil na safra passada. Já o plantio segue bastante adiantado: mais de 29% da área já estão manejados. Na mesma época dos últimos três anos, esse percentual era de 23%. Além de o produtor apostar no plantio da soja precoce, outro fato tem chamado a atenção do Deral: as comercializações antecipadas da safra.
"Os paranaenses não costumam antecipar a venda das safras. Entretanto, este ano mais de 18% do volume esperado já foi vendido. Acredito que o agricultor queira garantir esses preços altos", confirmou Margorete.
Para o produtor da região da Lapa (PR), Moacir José Dezatenicki, os bons preços do produto vistos este ano ajudam a garantir o pagamento dos custos da produção. "Se levarmos em consideração a expectativa de aumento da produção brasileira de soja na safra 2012, e a relação oferta e procura, na hora de vender provavelmente não conseguiremos receber os valores deste ano; então estou garantindo e vendendo agora uma parte da produção", disse o produtor, que também não completou o plantio da oleaginosa em sua fazenda.
Já a movimentação de vendas antecipadas no maior estado produtor de soja do País, o Mato Grosso, não poderia ser diferente, e segue bastante agitada. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), calcula-se que mais de 50% da safra 2011/2012 de soja já foram comercializados. "Os produtores estão muito otimistas, pois o clima está ajudando, e já plantamos mais de 30% da área. Com isso todos querem garantir bons preços e a cobertura dos custos", afirmou Otávio Celidônio, superintendente do Imea.
Mato Grosso deve plantar este ano aproximadamente 6,7 milhões de hectares, contra 6,4 milhões no ano passado. E, com uma produtividade superior a 3,17 mil quilos de soja por hectare, espera-se colher 21,5 milhões de toneladas, um milhão a mais que na safra 2010/2011. "Acredito que o plantio já tenha ultrapassado 30%, o que equivale a mais de 2 milhões de hectares, que é a área necessária para o plantio do milho-safrinha. Claro que em algumas regiões essa porcentagem é bem maior e já supera a marca de 50%", disse ele.
Celidônio acredita que, se o ritmo de plantio seguir esse compasso, as primeiras colheitas de soja do estado poderão começar ainda este ano. "O plantio realmente está bastante adiantado frente ao ano passado. Como não tivemos nenhum problema climático nessa época, isso ajudou a antecipação. E, se o clima continuar nos favorecendo, teremos uma bela colheita", finalizou ele.
