2011-10-02 04:27:00
O aumento da demanda por açúcar e etanol beneficiou os fornecedores de cana-de-açúcar na safra 2010/2011, com remuneração acima dos custos totais de produção.
O cenário foi positivo principalmente no Nordeste e nas regiões de expansão da atividade canavieira, como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde as receitas superaram os custos em 14% e 10%, respectivamente.
Apenas nas regiões mais tradicionais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, os preços ficaram abaixo dos custos totais em 7%, mas foram suficientes para cobrir os custos operacionais da lavoura.
“Foi uma safra positiva diante do crescimento da demanda e da menor oferta”, disse o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gerson Carneiro Leão.
Os dados fazem parte de um estudo elaborado pela CNA em parceria com o Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Pecege/ESALQ), apresentado nesta quinta-feira (29/9) na reunião da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da CNA.
O trabalho foi resultado dos levantamentos de custo de produção realizado pelas duas instituições em 10 estados (AL, GO, MG, MS, MT, PB, PE, PR, RJ e SP) dentro do projeto Campo Futuro, desenvolvido com o objetivo de formar uma rede atualizada de dados de custo de produção para orientar o produtor rural na sua atividade.
O levantamento foi feito comparando os preços recebidos com os custos totais, que incluem os gastos operacionais, a depreciação de patrimônio e investimentos.
O estudo também mostrou a evolução das margens de lucro em relação aos custos totais nas últimas quatro safras.
Neste contexto, a rentabilidade média do período foi inferior aos custos totais em todas as regiões pesquisadas.
Nas áreas tradicionais de produção, por exemplo, os preços pagos aos fornecedores foram, em média, 20% menores do que os custos nas últimas quatro safras.
No nordeste e nas regiões de expansão, as rentabilidades foram, respectivamente, 15% e 8% inferiores aos gastos com a atividade, diante dos baixos preços recebidos pela tonelada do produto nas safras anteriores ao período 2010/2011.
O levantamento traz, ainda, os custos de produção do açúcar e do etanol da última safra.
Legislação do setor
Outro tema tratado na reunião da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da CNA foi a reforma da Lei 4.870/65, que trata da legislação que regula o setor sucroalcooleiro.
Um dos pontos defendidos pelos fornecedores foi a revogação do artigo 36 da lei.
Este dispositivo prevê a destinação de 1% do valor da tonelada da cana como contribuição para serviços de assistências médica, hospitalar, farmacêutica e social aos trabalhadores. Contudo, argumenta Carneiro Leão, este artigo tornou-se desnecessário em razão dos benefícios aos trabalhadores previstos na legislação trabalhista, além da contribuição paga ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
“Há uma duplicidade de cobrança e tanto os fornecedores quanto as indústrias estão sendo prejudicados”, afirmou.
Outro ponto defendido foi a manutenção do artigo 64 da lei, que trata da legitimidade das entidades que representam o segmento dos fornecedores de cana.
(Assessoria de Comunicação CNA / www.canaldoprodutor.com.br)