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sábado, 20 de abril de 2024

Clima trava a colheita e plantio no Mato Grosso do Sul

2011-03-09 10:50:00

Máquinas param por cinco dias com chegada de fortes chuvas. Além de atrasar a colheita da soja e por em risco a qualidade dos grãos, excesso de umidade compromete o plantio do milho safrinha no estado

Campo Grande – O que antes era motivo de comemoração agora está começando a tirar o sono de muitos agricultores do Mato Grosso do Sul. Na última semana, o volume de chuvas ultrapassou os 200 milímetros em importantes regiões agrícolas e começou a espalhar tensão pelos campos. Além de travar o avanço da colheita de verão, a enxurrada atrasa também os planos de quem pretende investir na segunda safra de milho, que já deveria estar totalmente plantada no estado. A Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul) estima que a colheita tenha alcançado 20% da área, contra 35% registrados nesta mesma época do ano passado.

Embora estejam animados com os índices de produtividade de soja, os produtores começam a se preocupar com a perda de qualidade dos grãos, provocada pelo excesso de umidade. César Augusto Roos, de Bandeirantes (Oeste), revela que o acúmulo de chuvas dos últimos dias comprometeu a produção de sementes em 70% da área de soja, com 1,8 mil hectares plantados. “Nunca aconteceu de invernar e ter enxurrada. Em cinco dias choveu cerca de 400 milímetros na minha fazenda”, conta.

Safrinha em xeque

Com 30% colhidos até agora e rendimento médio de 60 sacas (60 quilos) por hectare, contra média de 47 sacas em 2009/10, Roos afirma que nesta época do ano passado todo o terreno destinado à oleaginosa estava semeado com o milho safrinha. O atraso deste ano, contudo, não deve impedir a aposta do produtor no cultivo de inverno. “Não vou diminuir a tecnologia, mas vou aumentar o risco”, explica.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) atendeu ao pedido do setor produtivo estendendo o prazo oficial para a semeadura do cereal de segunda safra até o dia 20 deste mês. Mas, para o assessor técnico da Famasul, Lucas Galvan, ainda assim os agricultores não conseguirão finalizar o plantio do safrinha a tempo. “A estimativa de crescimento de área em relação à safra passada não deve se confirmar, pois depois do dia 20 o risco da lavoura se torna muito alto”, argumenta.

O temor está sustentado na previsão de forte redução das precipitações a partir de abril deste ano, elevando as chances de faltar água para o cereal na fase crucial de desenvolvimento das plantas. Em seu último levantamento, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calcula que o milho safrinha vai ocupar de 933,8 mil hectares no estado, área 12,5% maior que a do ano anterior. No inverno de 2010, os produtores de Mato Grosso do sul colheram 3,5 milhões de toneladas de milho em 830 mil hectares, segundo a estatal.

Comercialização

Apesar de os produtores do Mato Grosso do Sul terem comprometido 60% da produção antecipadamente, o atraso na colheita não deve prejudicar o cumprimento dos contratos de venda firmados enquanto a soja ainda crescia nas lavouras. A garantia, porém, só pode ser dada pelo clima.

Henrique Cabrera, comercial da Cooperativa Agroindustrial Sul-Matorgossense (Copasul) revela que maior parte dos embarques programados está previsto para este mês e que o único problema está no bloqueio do Porto de Paranaguá. Das 75 mil toneladas já comprometidas pela cooperativa para o mercado externo, 27% devem ser escoadas pelo porto paranaense. “Ano passado a proporção de escoamento por Paranaguá foi a mesma, mas, como a safra cresceu, o volume deste ano deve ser maior”, estima. O ritmo de vendas antecipadas da Copasul foi mais acelerado se comparado a 2010. Segundo Cabrera, 33% da soja que será recebida pela cooperativa neste ano já foram comercializados, contra 10% no ano passado.

Mas o atraso na colheita pode gerar alguns problemas pontuais de comercialização. Roos, por exemplo, vendeu antecipadamente 30 mil sacas de sementes de soja, mas até agora só conseguiu entregar a metade desse volume. Ele espera uma trégua das chuvas para conseguir cumprir os contratos restantes. Caso contrário, terá de comprar sementes de outras empresas para entregar aos compradores.

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