2009-07-22 18:23:00
A agricultura familiar brasileira contará com R$ 15 bilhões para o custeio, investimento e comercialização da safra 2009/2010.
Neste ano, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) terá também um limite maior para financiamentos: de R$ 30 mil para R$ 40 mil por agricultor. Para quem acessa o Microcrédito Rural, o limite passou de R$ 1,5 mil para R$ 2 mil.
O governo lança hoje, em Brasília, o Plano Safra 2009/2010, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Veículos – A partir desta safra, o Pronaf poderá financiar veículos de carga, automotores, elétricos ou de tração animal, adequados às condições rurais, inclusive caminhões, caminhões frigoríficos, isotérmicos ou graneleiros, camionetes de carga, reboques ou semirreboques e motocicletas adaptadas à atividade rural. Não podem ser financiados jipes, camionetes de passageiros ou mistas.
O Pronaf Floresta foi ampliado de R$ 10 mil para R$ 14 mil por agricultor e o prazo de pagamento aumentou de 12 para até 20 anos, com período de carência de até 12 anos (antes era de oito anos). Essa linha atende agricultores familiares das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste que planejam desenvolver projetos de Sistemas Agroflorestais.
Assistência técnica leva novas tecnologias ao campo
O Plano Safra da Agricultura Familiar garantirá mais agilidade à prestação de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) ofertada gratuitamente em todo o País.
Na Safra 2008/2009, houve uma sintonia entre a Ater e a pesquisa agropecuária, de modo a levar tecnologias novas para as cadeias produtivas do leite, milho, mandioca, feijão, arroz, trigo, café, frutas, olerícolas, soja, suínos e pequenos animais e aves em todo o Brasil. O serviço beneficia 1,2 milhão de agricultores familiares.
No município de São Pedro do Iguaçu, no Oeste do Paraná, assistência técnica é sinônimo de aumento de produtividade, diversificação e renda. Em novembro de 2008, o apoio resultou em um plano para qualificar a produção de mandioca e um projeto para acessar a linha de crédito criada em julho de 2008 pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). “Os assentados cultivavam com baixa tecnologia e pouco investimento.
Encontramos no Mais Alimentos uma oportunidade para a aquisição de equipamentos que facilitam o plantio, aumentando a produção”, explica o técnico agrícola da Emater-PR,Claudemir Todescatt.
Carência – Com um investimento de R$ 15 mil, que serão pagos em dez anos, com um ano de carência e juro de 2% ao ano, os agricultores adquiriram um afofador e uma plantadeira adubadeira.
“Sem o afofador, tínhamos perda de 20% da produção, já que, com o trabalho manual, fica mais difícil arrancar a mandioca da terra”, afirma o agricultor Ademir Glaiser, 48 anos, que antes de ser assentado em São Pedro do Iguaçu tentou a vida no Paraguai. Todescatt estima que os equipamentos proporcionarão aos agricultores um acréscimo de renda de R$ 20 por tonelada colhida.
“Tínhamos vontade de melhorar nossa produção, mas não tínhamos oportunidades. Agora, só depende da gente”, diz o agricultor Ildefonso Lopes da Silva, 45 anos, que, além de mandioca, planta em seu lote hortaliças e milho para alimentar o gado.
O primeiro resultado da aquisição dos equipamentos é a ampliação da área cultivada.
Na safra 2009/10, os oito agricultores do assentamento Nova União planejam estender a produção a 72,5 hectares, contra 15,7 hectares da safra anterior. E a expectativa é da colheita de mais de duas mil toneladas de mandioca, movimentando em torno de R$ 314 mil.
Mais Alimentos impulsiona a criação de ovelhas e cabras
Há quatro meses, quando soube que um vizinho queria vender parte de seu plantel de cabras e ovelhas, o produtor familiar Ricardo Koehler, de 24 anos, concluiu que chegara o momento de transformar um hobby em fonte de renda.
E foi ao Banco do Brasil de sua cidade, Cafelândia (PR), onde soube que poderia utilizar o Mais Alimentos para comprar os animais e, assim, entrar de vez no ramo da ovinocaprinocultura, uma das atividades financiadas pela linha de crédito lançada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em 2008.
Para Ricardo, o Mais Alimentos foi a melhor opção para aproveitar a ocasião sem comprometer seu capital de giro obtidos com a produção de trigo, milho, soja e gado de corte. “Associei com meu pai e meu cunhado e começamos o negócio”.
Após aumentar o rebanho de 150 para 250 animais, o contrato de R$ 95,8 mil, firmado em janeiro, garantiu investimentos em melhoramento genético do rebanho. Ricardo adquiriu um reprodutor de ovelha, da raça Dorper, e um de caprino, da raça Santa Inês.
“Sem o Mais Alimentos, não daria para ampliar a criação tão cedo. Iria demorar uns dois anos para comprar mais 100 animais”, avalia, ressaltando que “tem muita gente que acha que o financiamento (do Mais Alimentos) é só para comprar trator”.
O Mais Alimentos é uma linha de crédito de até R$ 100 mil, que podem ser pagos em até dez anos, com juros de apenas 2% ao ano e prazo de até três anos de carência para começar a pagar o financiamento.
Em dez meses, o Programa criado pelo MDA possibilitou a comercialização de 11 mil tratores de até 78 cavalos. Além de tratores e equipamentos agrícolas, o Mais Alimentos financia projetos que contemplam galpões de armazenagem, silos, construções e maquinário para ordenha, resfriadores e correção de solo.
O Mais Alimentos atende produtores de arroz, feijão, milho, mandioca, trigo, hortigranjeiros, leite, castanha, caprinos, ovinos, café, gado para abate, suínos e aves.
