2007-04-02 14:24:00
O agronegócio é o setor produtivo que mais transfere e gera renda na economia brasileira. A produção agropecuária tem participação de apenas 30% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, mas como a taxa de importação é pequena, a ”riqueza” gerada pelo segmento fica mais na economia nacional. Segundo o engenheiro agrônomo Alcides Torres, da Scot Consultoria (empresa privada de análises do agronegócio), o mesmo não ocorre com a indústria, que embora tenha um faturamento maior do que o agronegócio, importa muito, ”sobrando” menos dinheiro na economia.
Além de gerar riqueza, o agronegócio também é o segmento que mais cria empregos. Um levantamento mostrou que a cada R$ 10 milhões de investimentos no agronegócio, por exemplo, são geradas 1.193 novas vagas (entre empregos diretos, indiretos e renda). Os mesmos recursos criam 626 vagas na construção civil, 959 no comércio e 681 nos transportes. O agronegócio brasileiro e a economia foram assuntos abordados durante a segunda aula de divulgação do curso de Bovinocultura de Corte, ministrado pela Unopar Virtual.
Traduzindo ainda mais a força da agropecuária no Brasil, o País tem o maior rebanho bovino e é o maior exportador de carne e de aves; produz 27% da soja colhida no mundo; é o segundo maior produtor de etanol (o primeiro são os Estados Unidos); é o quarto maior produtor e exportador de carne suína; e, por fim, detém mais de 83% do mercado de suco de laranja. ”Só que os produtores ‘sofrem’ porque os preços em real estão defasados, há dificuldades na logística, barreiras comerciais impostas”, disse Torres.
Mas ele acrescentou que a demanda mundial da agroenergia irá levar a uma produção maior de grãos e o aumento populacional também irá aumentar a demanda por proteína animal que é de fundamental importância ao desenvolvimento humano. O consultor acrescentou que a tendência para os próximos quatro anos é de um cenário favorável de preços para a pecuária, justamente devido ao aumento do consumo. ”O Brasil é o país que mais têm condições de atender essa demanda. A África, por exemplo, que seria o maior concorrente brasileiro está em guerra civil, a agricultura tem baixa produtividade, o manejo não é adequado e não há uso de tecnologia”, comentou.
Ao contrário do Brasil, que segundo ele, utiliza tecnologia adequada, já conseguiu espaço no mercado mundial e tem condições de explorar o cerrado, área ainda pouco utilizada. ”Ainda temos localização privilegiada, concentramos entre 13% e 15% da água doce e a topografia do solo é favorável à produção”, afirmou Torres. Apesar disso, a produção média nacional é baixa. A produtividade nacional tem potencial para melhorar a produção em praticamente todas as culturas.
Transgênicos – A produção leiteira, segundo ele, poderia ser melhorada em mais de 2.600%. Já a produtividade do sorgo poderia ser melhorada em 560%; a da carne em 500%; e a da soja em 38%. Os cálculos foram feitos levando em consideração a média de produção e as melhores produções nacionais. ”O Brasil produz 60% do que poderia produzir”, frisou. A melhora do potencial produtivo poderia ser obtida, na sua avaliação, com a utilização dos transgênicos.
A China, por exemplo, conseguiu uma rentabilidade 20% maior na sua agricultura com a utilização de sementes geneticamente modificadas. Já a África conseguiu aumentar em 21% a sua produção agrícola, enquanto a Austrália reduziu em 50% a utilização de pesticidas e a Argentina reduziu 65% o uso de inseticidas. ”Em dez anos teremos uma soja com uma produtividade 20% maior, resistente a isentos, ferrugem e estresse hídrico”, completou. Só o aumento da produção brasileira irá esbarrar em um outro problema: a logística. (Folha de Londrina).
