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quinta-feira, 28 de março de 2024

MST comemora 25 anos e prevê várias ocupações

2009-01-10 07:04:00

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, conhecido pela combatividade na luta pela reforma agrária, comemora 25 anos este mês com uma aposta arrojada: a de que a crise financeira internacional deve funcionar como incentivo para impulsionar as ocupações de terra.

Com as dificuldades que atingem os grandes proprietários, como a queda do preço da commodities, o movimento acredita que as áreas improdutivas vão se proliferar tornando-se presa dos acampados que aguardam pela reforma agrária.

– Em 2009 vamos potencializar a luta. Com a crise, o modelo do campo vai parar de crescer, gerando grandes terras improdutivas. E latifúndio improdutivo é terra ocupada – disse Messilene da Silva, da coordenação nacional do MST. O raciocínio faz parte da lógica dos sem-terra de que o maior inimigo ao avanço da reforma agrária no país é o agronegócio.

As organizações de sem-terra e pesquisadores especializados no tema acreditam que a ampliação do plantio de produtos agrícolas com grande participação no mercado internacional, como a soja, impedem a distribuição social da terra. A participação cada vez maior das empresas estrangeiras na agricultura é outro impeditivo, segundo o movimento. Se este modelo se enfraquece, os sem-terra podem avançar, avalia o MST.

A política de assentamento de famílias praticada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também é fonte de decepção para o MST, que vê na administração petista uma aliança com o modelo agrícola vigente.

– A reforma agrária tem tido poucos avanços, diante da nossa expectativa. O governo divulga balanços, mas concretamente há poucos avanços. Deixou de ser pauta do governo e da sociedade. A prioridade é o agronegócio – afirmou Messilene Silva.

O MST, filiado à organização internacional Via Campesina, apoiou a eleição do presidente Lula em 2002, mas na reeleição, em 2006, aderiu apenas no segundo turno. Segundo seus dirigentes, a organização procura manter independência em relação ao governo e ao mesmo tempo manter aberto um canal de diálogo.

Como resume João Pedro Stédile, um dos principais líderes do MST, em um artigo desta semana, ‘não houve reforma agrária durante o governo Lula. Ao contrário, as forças do capital internacional e financeiro, através de suas empresas transnacionais, ampliaram seu controle sobre a agricultura’.

De 2003, primeiro ano do presidente Lula, a 2007, foram assentadas 449 mil famílias, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Houve um pico de 136,3 mil famílias em 2006 e apenas 67,5 mil em 2007. Os números do ano passado serão divulgados este mês, mas, segundo o MST, 2008 terá o pior desempenho dos últimos anos, com estimativa de 20 mil famílias assentadas.

Na estimativa do geógrafo Bernardo Mançano Fernandes, professor da Unesp e estudioso da questão da terra, o movimento do campo tem perspectiva de crescimento em todo o mundo em função da grande necessidade de assentamento de famílias.

Pelos seus cálculos, existem no Brasil 1 milhão de famílias já assentadas e há 7 milhões à espera de terra. Neste total, ele inclui pessoas do campo, bóias-frias e população desempregada ou do setor informal urbano.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesario Ramalho, que representa os grandes proprietários, disse que o movimento pela terra se tornou uma questão puramente ideológica, contrária ao produtor rural.

– Sempre fomos críticos da reforma agrária – disse Ramalho, apesar de o tema constar da Constituição de 1988. Ele admite que a queda de até 40% no preço das commodities em decorrência da crise financeira global nos últimos quatro meses pode levar à redução da área plantada.

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