2008-12-26 03:42:00
Foi um baque. É assim que Indalécio Borguezan recorda sua reação e a de muitos outros apicultores quando a União Européia decidiu boicotar o mel nacional. Era março de 2006 e o governo brasileiro não havia apresentado um plano de controle de resíduos – identificação da presença de agrotóxicos e medicamentos veterinários no produto -, sem o qual as importações seriam suspensas.
O embargo fez com que 14 mil toneladas encalhassem no Brasil, comprometendo cerca de 76% das receitas – tradicionalmente, 3/4 do faturamento obtido pelos apicultores brasileiros resultava das vendas externas. Embora a população reconheça as qualidades nutritivas do mel, o consumo interno é baixo.
Não ultrapassa 60 gramas per capita, por ano, enquanto os suíços dão conta de 1.500 gramas no mesmo período. "O susto foi grande. Cheguei a pensar em mudar do sítio e tentar um emprego na cidade", confessa Indalécio, que, aos 38 anos de idade, não conheceu outra vida a não ser a do campo.
A sorte, segundo ele, foi a diversificação na propriedade de 80 hectares, em Urubici, na serra catarinense. Ele, o pai e o irmão, que trabalham em parceria, nunca abriram mão dos plantios de hortaliças – vocação da cidade -, maçã, kiwi e uma pequena produção de leite. "No final, tivemos para onde correr", comenta.