2008-11-19 09:50:00
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse nesta terça-feira (18) que "o processo de renegociação das dívidas agrícolas deve começar nos próximos dias".
Ele fez essa declaração durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), após o senador Osmar Dias (PDT-PR) afirmar que "a inadimplência está contaminando o setor agrícola", como resultado de fatores como a queda nos preços das commodities e a não redução dos custos de produção.
Segundo Miguel Jorge, cerca de 75% da inadimplência do setor, principalmente no que se refere ao financiamento de máquinas e equipamentos, estão concentrados nos estados de Mato Grosso e Goiás. De acordo com o ministro, "a logística e o escoamento da produção desses estados é muito mais difícil que em outras regiões, o que aumenta seus custos".
Já Osmar Dias citou matéria publicada nesta terça-feira no jornal Folha de S. Paulo, na qual se afirma que, "sem acesso ao crédito para financiar a próxima safra, 70% dos agricultores do estado [Mato Grosso], maior produtor de soja do país, deixaram de pagar seus débitos" relativos ao financiamento de máquinas e equipamentos.
E, se estão inadimplentes, não podem tomar crédito – lembrou o senador.
O ministro disse que os principais provedores de crédito para os agricultores desses dois estados eram as tradings, mas, com a retração das atividades dessas empresas, o crédito "secou".
Segundo Osmar Dias, "se antes as tradings abasteciam os produtores com crédito, agora se utilizam do seqüestro judicial para retomar bens, como máquinas e equipamentos".
O parlamentar disse que, no Paraná, a situação não é tão grave, embora conheça agricultores inadimplentes no estado.
O presidente da CAE, Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu a renegociação das dívidas entre governo e agricultores, mas "com critérios seletivos". Ele afirmou que o setor agrícola precisa ter crédito à disposição para "continuar funcionando".
Mercadante também disse acreditar que uma possível reabertura das negociações da Rodada de Doha poderia contribuir para a redução dos subsídios agrícolas praticados pelos países mais ricos.