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sábado, 20 de abril de 2024

Agricultura: Crise financeira pode diminuir financiamentos

2008-10-15 08:05:00

Suzana Machado

Não é de hoje que a agricultura vem enfrentando alguns problemas, ora climáticos, ora financeiros.

A crise financeira mundial que afeta vários setores da economia ainda não está sendo sentida com força no pelo setor agropecuário do município, mas já dá seus arranhões, principalmente no que diz respeito a financiamentos para agricultores, referentes à safra 200/09.

De acordo com Marcos Sozza, gerente da agência do Banco do Brasil de Amambai, este ano os recursos para financiamentos estão atípicos. “Devido à crise, o dinheiro para financiamento da agricultura está sendo liberado aos poucos. Até agora já foram mais de R$ 7 milhões em recursos, totalizando 60 operações; acertamos cerca de 70% dos contratos e esperamos fechar os 30% restantes no início de novembro, justamente porque o dinheiro está vindo de forma escalonada.”

Ainda de acordo com Marcos, a falta de recursos faz com que o critério de avaliação fique um pouco mais rigoroso. “Como existe a falta de recurso, os critérios para a liberação do crédito tendem a ficar um pouco mais rigorosos, o Banco acaba tendo que fazer uma seleção. Isso acaba fazendo com que alguns produtores fiquem sem poder fazer o financiamento para esta safra”, explica Marcos.

Para o técnico agrícola, Sérgio Costa Curta, proprietário de uma empresa que presta serviços de assistência técnica na área em Amambai, há algum tempo a agricultura vem sofrendo com a escassez de recursos financeiros. “Acredito que a falta de dinheiro não esteja ligada à crise; já vivíamos esse problema antes de começarem com esses boatos todos sobre o setor financeiro, a não ser que essa crise já existisse há mais tempo e estivesse influenciando antes da sua divulgação, mas acho que não.”

Para Sérgio a situação estava mais crítica antes da crise estourar. “Por exemplo, o valor dos insumos não se alterou. O que baixou foi o valor da saca de soja, que está custando cerca de US$ 16,00; isso pode ser atribuído à crise ou ao próprio mercado que está influenciando nos preços. Para nós aqui do interior, essa crise ainda não chegou com força total no setor, como em outros segmentos.”

Sobre os agricultores que irão ficar sem financiamento para a safra 2008/09, Sérgio concorda que as alternativas, além do crédito junto ao Banco do Brasil, são praticamente inexistentes. “Fora o empréstimo do Banco, uma das poucas alternativas seriam as Cooperativas, onde conseqüentemente os agricultores pagarão juros bem mais elevados em comparação à taxa de juros cobrada pelo Banco, isso é fato.”

Para Sérgio, a falta de recursos pode fazer com que o agricultor, para economizar, diminua a tecnologia utilizada na safra deste ano. “O que pode acontecer é o produtor utilizar menos produtos durante a safra, na tentativa de economizar. Isso resultaria na diminuição do número de grãos produzidos no município, ou seja, não iríamos atingir 100% do nosso potencial de produção.”

O plantio das lavouras de milho e soja iniciam em outubro. “Cerca de 10% da área para plantio já foi cultivada.” A colheita da soja começa no final de fevereiro. “Até lá esperamos que o valor da saca tenha melhorado e a necessidade de consumo do grão a nível mundial valorize o produto.”

Pecuária – O setor agropecuário do município também não sentiu ainda o peso da crise financeira. Segundo Samuel Pareja, da Redeboi, as vendas e os pagamentos dos frigoríficos continuam normais. “Aqui para nós está normal, por enquanto. Até mesmo produtos utilizados para alimentação do gado, como o sal, estão mais baratos. A Tortuga, que é uma das marcas de sal mais usadas no país, responsável por 50% das vendas do produto no Brasil, diminuiu consideravelmente os preços.”

Para Samuel, a crise pode fazer com que essas grandes multinacionais diminuam sua margem de lucro para poderem continuar vendendo os produtos. “Para que o produtor não deixe de comprar diante da crise, essas empresas podem acabar diminuindo o valor de seus produtos, o que se torna uma vantagem para o pecuarista.”

Outra vantagem que Samuel vê com a crise são nos contratos de exportação. “Se no ano passado o produtor vendia a arroba do boi a US$ 100,00, este ano vendendo pelo mesmo preço ele vai ter muito mais em reais com a alta da moeda americana.”

Segundo o proprietário da Redeboi, mesmo terminando a época de confinamento, a tendência é que o valor do boi gordo continue em alta. “O que as pessoas envolvidas com o setor agropecuário não podem fazer é se deixar levar por essa onda de crise, pelo pessimismo, porque esse tipo de pensamento pode, sim, nos levar a uma crise de verdade. Tem que pensar positivo e agir positivamente também.”

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