2008-09-05 16:38:00
Suzana Machado
De acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Agricultura e Abastecimento), o custo da produção de soja em Mato Grosso do Sul para a safra 2008/09 será 17% mais alto que a deste ano. Ainda segundo a Conab, defensivos e fertilizantes são os grandes responsáveis por essa elevação; juntos, somam 56,6% do total de custos que o agricultor terá que arcar.
Para o técnico agrícola, Sérgio Costa Curta, proprietário de uma empresa que presta serviços de assistência técnica na área em Amambai, os grandes vilões do aumento no custo da produção são o adubo, a semente e os dessecantes . "O adubo chegou a subir 100%. Já os fertilizantes, acredito que não tiveram um aumento tão significativo; alguns mantiveram os preços ou se elevaram pouca coisa. Em 2007 o quilo da semente custava R$ 1,10; agora está em torno de R$ 1,90; ano passado pagávamos R$ 762,00 na tonelada do adubo; esse ano o valor foi para R$ 1.600,00 a tonelada."
Segundo o levantamento da Conab, para a próxima safra, que ocorre geralmente em outubro, o agricultor terá que desembolsar R$ 1.771,68 por hectare, enquanto que para esta safra foram R$ 1.511,56.
De acordo com o Plano de Custeio Agrícola feito por Sérgio no município, o agricultor amambaiense gastou com insumos R$ 512,96 na safra de 2007 e com serviços de plantio, R$ 226,55. Já em 2008 os insumos somaram R$ 822,14 e os serviços de plantio, R$ 247,27. "Esse nosso levantamento engloba somente os insumos e os serviços de plantio; ainda ficaram de fora os gastos na colheita, armazenagem e secagem da soja."
A elevação desses custos sustenta uma perspectiva no Banco do Brasil, de emprestar 20% a mais em recursos para financiamento na próxima safra, atingindo R$ 1,2 bilhões.
Porém, Sérgio afirma que os recursos designados aos agricultores pelo Banco do Brasil estão bem escassos esse ano. O técnico agrícola também faz um alerta com relação aos empréstimos. "Os juros do Banco do Brasil são de 6,75% ao ano. Se o agricultor não tiver como pegar empréstimo do Banco, ele, provavelmente, irá recorrer às Cooperativas, onde os juros chegam a 1,6% por mês, totalizando 20% ao ano. Fatores como esses podem inviabilizar a agricultura."
Outro fator é o valor da saca de soja, que atualmente gira em torno de R$ 35,00. "O preço não promete muito. São necessárias 40 sacas para pagar o custeio por hectare. Aqui o potencial é de aproximadamente 50 sacas por hectare. Então sobra o valor de 10 sacas. E quem paga 10 de arrendamento, fora as outras dívidas? Acredito que este é um dos anos mais difíceis para a agricultura. Para ser bem vendida, a soja precisa ser mais valorizada."
Para Sérgio, o clima está sendo um fator neutro na decisão de plantio do agricultor. "O clima não está estimulando ou desestimulando o agricultor, apesar da crise vivida há três anos. Mas o risco sempre existiu; é uma atividade que acaba ficando nas mãos da natureza."
Em Amambai são plantados aproximadamente 28 mil hectares de soja, que rendem uma colheita de cerca de 84 mil toneladas do grão por safra.
