2008-08-12 16:17:00
O ciclo de alta no preço da carne bovina estimula a produção, mas reduz o número de animais disponíveis para corte até no caso de quem cria bezerros e reprodutores. A Agropecuária CFM, maior fornecedor brasileiro de touros e vacas nelore de reprodução, é um exemplo dessa contradição: vai diminuir seus abates de 30 mil em 2007 para 24 mil neste ano, afirma o diretor de pecuária da empresa, Luiz Adriano Teixeira.
Milhares de animais que seriam encaminhados ao abate estão sendo transferidos de fazendas de São Paulo para duas fazendas
O número de animais nas dez fazendas da CFM está superando a marca dos 70 mil, depois de uma redução de 50 mil cabeças desde a década de
O quadro positivo do mercado da carne aumenta a disputa por animais de reprodução, conta Teixeira. A CFM concentra as vendas nesta semana, na Fazenda São Francisco, em Magda, São Paulo.
No entanto, há limitações técnicas para a expansão do rebanho nelore. O programa de melhoramento de nelore da CFM é auditado todo ano e precisa apresentar avanços para que possam ser vendidos entre 20% e 30% dos touros. A exigência faz com que, em época de crise ou crescimento, o ritmo máximo de vendas tenha o mesmo teto.
Desde seu início, em meados da década de 80, o sistema conseguiu elevar o peso médio do boi gordo nelore em 38,9 quilos. A prioridade é a produção de gado de corte da própria CFM, mas a seleção em si virou um negócio cada vez mais rentável. Com rígidos critérios de descarte, um setor alimenta o outro. As vacas que produzem bezerros leves são encaminhadas automaticamente ao abate. Só entram na seleção de reprodutores os touros acima das médias de peso.
E não faltam informações para comparar os animais. “Sabemos tudo sobre cada touro e sobre todos os parentes dele”, afirma Teixeira. Por outro lado, o desempenho de cada bicho é avaliado de acordo com as condições em que ele é criado e a alimentação que recebeu. Para isso, adota-se método que distingue características genéticas e fatores ambientais. Com o aumento da produtividade, a pesquisa faz com que, numa época de poucos bois, a falta de carne seja menor.
Engorda não pára nunca
Para
Cada animal fica 90 dias na engorda – a cada três semanas e meia, ganha uma arroba. Como o custo é de R$ 2,80 por animal/dia, na venda da arroba por R$ 85, o lucro é de R$ 20. Essa margem incentiva a ampliação do negócio, tocado pelo publicitário Rino Ferrari, que começou a confinar gado nove anos atrás.
Déficit
Com capacidade estática para 15 mil bovinos, a Nova Sapé está com déficit de 4 mil animais por falta de gado no mercado. O raio das compras – realizadas principalmente no Sudeste brasileiro – vem sendo ampliado, apesar do custo do transporte.
“Avançamos muito em tecnologia e logística no confinamento, mas a evolução continua”, diz Ferrari, que atua também na comercialização. A empresa trabalha agora com investidores, que aplicam dinheiro e ganham de acordo com o rendimento do rebanho.