2008-08-06 19:20:00
O preço do adubo formulado básico para a cultura da soja em maio deste ano esteve 87% maior que o pago, em média, na safra passada. O valor que produtores receberam pela soja, no entanto, subiu somente 17% – considerando-se a parte vendida antecipadamente (a partir de setembro) e o restante comercializado em maio deste ano, ao preço médio do período.
Mesmo com a produção mundial de soja em níveis recordes, os preços da oleaginosa subiram puxados pelo aumento da demanda – tanto para o consumo humano quanto para a produção de ração e de biodiesel – e, conseqüentemente, da redução do estoque mundial.
Nos Estados Unidos, segundo relatório do USDA, os estoques reduziram quase 75% entre as safras 2006/07 e 2007/08. O problema dos produtores é que, em geral, mais da metade da soja havia sido vendida em contratos antecipados.
Quanto aos fertilizantes, mês a mês têm registrado preços recordes, em decorrência da menor oferta das matérias-primas, do crescimento da demanda pelo NPK, em especial por países como a China e a Índia, e da valorização do barril do petróleo.
Entre as regiões pesquisadas pelo Cepea/CNA, a maior alta nos preços do adubo, de 94% – também se comparando maio/08 à média paga pelos produtores para a safra passada -, foi verificada em Sorriso (MT), ao passo que a soja valorizou apenas, 28,7%. Em Rio Verde (GO), a cotação do adubo subiu 93% no mesmo período e da soja, 21%.
No Paraná, o insumo negociado na região de Cascavel teve aumento de 90% no mesmo período, enquanto a oleaginosa registrou elevação de apenas 6,3%. Em Londrina, houve aumento de 86% nos preços do adubo e de 7,2% nos da soja.
Uberaba (MG), Dourados (MS) e Rondonópolis (MT) foram as regiões – dentre as pesquisadas – onde os adubos subiram menos. Na região mineira, o valor do insumo subiu 78% e o da soja, 27%. Em Dourados, o adubo subiu 75%, enquanto o grão valorizou apenas 12% e, em Rondonópolis, o preço médio do adubo está 73,6% mais caro em relação ao da safra 2007/08, e a cotação da soja aumento apenas 18,6% ao produtor.
Em abril, com o aumento da demanda e dos preços dos fertilizantes no mercado internacional, o governo chinês elevou o imposto de exportação de matérias-primas de vários fertilizantes em até 135%, visando evitar uma possível escassez da oferta na China.
Além disso, a medida tem como objetivo manter os preços controlados durante o período de grande demanda para o plantio das lavouras de primavera. A China é um dos maiores produtores mundiais de fertilizantes, e a tributação sobre os embarques deverá elevar ainda mais os preços em países como o Brasil.
Com os preços dos fertilizantes em alta, muitos produtores cogitam a possibilidade de reduzir a quantidade do insumo no solo. Em algumas regiões, isso pode ser possível sem perda de produtividade. É fundamental, contudo, que essa redução seja feita a partir de análise de solo que indique tal possibilidade e que escala.
Caso contrário, o produtor vai correr o risco de ter uma frustração de safra, algo não aceitável num mercado competitivo via preço como o da soja.