2008-05-21 11:12:00
O Ministério da Agricultura definiu, este ano, normas mais rígidas para a pulverização de agrotóxicos por aviões. A principal mudança está relacionada com a lavagem das aeronaves.
É uma batalha contra as pragas. Em apenas uma propriedade de dez mil hectares de soja, no sul de Mato Grosso, cerca de cem mil litros de agrotóxicos são usados a cada safra.
A pulverização não é permitida em áreas que ficam a menos de 500 metros de comunidades e 250 metros de rios usados para captação de água.
As regras do Ministério da Agricultura reforçam procedimentos de segurança para aeronaves, bem como o uso de equipamentos de proteção e cuidados com os produtos químicos e o destino das embalagens vazias.
A principal novidade é o investimento que as empresas de aviação agrícola terão que fazer para adequar os locais onde os aviões são lavados após a pulverização no campo.
Por enquanto, na lavagem dos aviões é exigido apenas que a água seja despejada numa caixa de contenção. O problema é que isso não elimina totalmente o risco dessa água contaminar o lençol freático. Por isso, a partir de janeiro do ano que vem as empresas terão que utilizar um equipamento que é capaz de desativar o veneno agrícola. Ele foi desenvolvido no interior de São Paulo por uma equipe coordenada pelo engenheiro agrônomo Marcos Vilela Monteiro.
“Hoje são 1,2 mil aviões em operação e nós temos que adotar procedimentos mais agressivos e mais precisos. Isso será o uso do ozônio", falou Monteiro.
O equipamento funciona como uma espécie de filtro. Estudos revelam que o ozônio destrói as moléculas do agrotóxico.
“O ozônio é um gás produzido pela descarga elétrica de cargas muito fortes, produzidas em um equipamento. O equipamento produz quatro gramas de ozônio por hora", completou Monteiro.
Em uma demonstração, o veneno é representando por um corante. O produto é misturado com a água e, depois de passar pelo sistema.
Empresários de aviação agrícola, como Adauto Neves, estão preocupados com o preço do equipamento. Dependendo do tamanho, pode chegar a R$ 20 mil. Isso sem contar os custos de manutenção.
“Mesmo com o preço, a gente vai procurar comprar e estar dentro das normas o mais rápido possível", falou Neves.
A demonstração é acompanhada por fiscais agropecuários de Mato
Grosso, Brasília, Tocantins, Pará e Piauí.
"Quem não respeitar as legislações, como a legislação nos dá essa autoridade, pode sofrer suspensão do registro do produtor, da empresa ou até chegar a multa e cassação do registro”, avisou Paulo Parente, fiscal agropecuário.
As multas podem chegar a cinco mil reais.
Globo Rural