2008-03-20 13:06:00
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, anunciou que o Sisbov (Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos) terá uma reformulação significativa em 30 a 60 dias.
Ao participar de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados para discutir o embargo da carne brasileira pela UE (União Européia) e o sistema de rastreabilidade, o ministro disse que representantes do governo vêm conversando com vários segmentos de toda a cadeia produtiva da carne e também com especialistas de outros países, para a elaboração do projeto.
"Nós queremos construir um sistema que seja adequado e que seja definitivo", afirmou Stephanes. No final de janeiro, alegando insuficiência de garantias sanitárias e de qualidade da carne brasileira, países da UE determinaram embargo às importações. Alguns afirmaram não confiar no sistema que monitora a procedência dos animais no Brasil.
Segundo o ministro, foram constatados erros "graves" por parte dos frigoríficos e "gravíssimos" por parte das certificadoras do gado, responsáveis por atestar a origem dos animais.
Durante a audiência, alguns deputados questionaram a necessidade de o Brasil adotar como referência o padrão europeu de rastreabilidade. O ministro disse que na negociação com a UE deve ser considerada a realidade do país: "Temos que definir melhor com a UE quais são as exigências e quais são as necessidades. Nós temos que tratar isso dentro da realidade brasileira e tentar negociar isso."
Após a apresentação, pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), de um vídeo em que aponta "a máfia da carne no Brasil", formada por alguns frigoríficos, segundo ele, Stephanes disse que faltavam fundamentos técnicos para essa classificação.
Na discussão, o ministro disse que preferia Caiado como médico (já que o deputado é formado em medicina) do que como "defensor dos pecuaristas". Caiado reagiu dizendo que o ministro é um "pára-quedista" na agricultura. E Stephanes retrucou que seu contato com a área começara quando o deputado "era apenas um menino".
Após a discussão, o presidente da Comissão, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) anunciou a criação de uma comissão especial para discutir novas normas de rastreabilidade, proposta pelo deputado Valdir Colatto (PMDB-SC).
Esta comissão também será presidida por Lorenzoni, que estipulou prazo de 45 dias para a elaboração de um projeto de lei. Quanto ao problema comercial com a UE, o ministro Reinhold Stephanes voltou a demonstrar otimismo: "Eu não tenho nenhuma dúvida ao garantir que até o final do ano todas as questões de rastreabilidade estarão equacionadas".
