2007-02-02 13:34:00
A temida possibilidade de implantação de uma zona tampão em Mato Grosso do Sul, por conta do foco de febre aftosa no departamento de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, foi confirmada nesta quinta-feira, dia 1º, pelo governador André Puccinelli (PMDB). Conforme o governador, a zona tampão para controle da doença será instalada em toda a faixa de fronteira com a Bolívia e inclui, ainda, os municípios de Japorã, Eldorado e Mundo Novo, atingidos por foco de febre aftosa em outubro de 2005.
O governador explicou que as informações foram prestadas pelo diretor do Departamento de Defesa Agropecuária do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Jamil Gomes de Souza, encarregado de defender o Estado na reunião extraordinária da OIE (Organização Internacional de Epizzotias), que ocorre em Paris. Puccinelli afirmou que, inicialmente, a zona tampão, que significa risco médio para a aftosa, seria decretada para todo o Estado, mas Souza conseguiu negociar a definição dos municípios da fronteira somente. A negociação, enfatizou o governador, “deu trabalho para o Mapa”.
O superintendente Federal Agricultura de Mato Grosso do Sul, Orlando Baez, afirmou que ainda desconhecia a definição da OIE, que era esperada somente para esta sexta-feira, dia 2, quando termina a reunião da entidade. A OIE dita as regras do mercado internacional da carne e vai analisar as ações tomadas pelo governo sul-mato-grossense para combater a aftosa. A divulgação do resultado ocorre somente no mês de maio.
Baez acreditava ser improvável a definição de zona tampão porque Mato Grosso do Sul não é corredor de passagem para produtos animais oriundos da Bolívia. Os principais produtos vindos daquele país passam pelo território sul-mato-grossense por meio de ferrovia e constituem-se em madeira (aroeira especificamente), soja para ração animal, feijão e alho. Assim, o risco de contaminação do rebanho local é considerado baixo. O superintendente ainda explica que a vigilância na fronteira foi intensificada, com a disponibilidade de fiscais federais.
Ainda sem a confirmação oficial da instalação de zona tampão no Estado, o presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Ademar da Silva Júnior, afirmou que uma zona endêmica é inaceitável e representa prejuízos para o Estado. Sem status de zona livre de febre aftosa, Mato Grosso do Sul teve retração de 83% no setor pecuário.
Confiante, o governador aposta na reversão do quadro. O que deve ocorrer mesmo em maio e, enquanto isso, aperta o cerco da vacinação, que começa amanhã em 14 municípios da fronteira com Paraguai e Bolívia. O objetivo é imunizar animais em Porto Murtinho e Corumbá, Caracol, Bela Vista, Antônio João, Ponta Porã, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Paranhos, Sete Quedas, Tacuru, Japorã, Mundo Novo e Eldorado. “Estamos fazendo a lição de casa”, diz Puccinelli.